Demanda e falta de planejamento geram crise de oxigênio e medicamentos no Interior

Em meio ao pior momento da pandemia, prefeitos correm atrás de garantir insumos hospitalares fundamentais para salvar vidas

Depois da crise de abastecimento de oxigênio, que vem amedrontando a população do Interior, o novo tormento dos prefeitos e secretários de saúde em diversas cidades do Estado, em meio à pandemia, é o baixo estoque de medicamentos para intubação nos hospitais. Não há um número fechado, segundo a Associação da Municípios e Prefeitos do Ceará (Aprece), mas a crise é grande nos municípios que têm ao menos um hospital de pequeno porte. 

A dificuldade, que levou os municípios a fazerem novo apelo ao Governo do Estado, se dá, na avaliação de gestores ouvidos por esta coluna, por conta da grande fila de pedidos de internação em UTI em todo o Estado. A lista passa de 500 nomes, o que obriga os hospitais menores a ficarem com pacientes graves por mais tempo, em alguns casos, nos que possuem respiradores, obrigando as equipes médicas a fazerem intubação. 

O outro motivo, que dificilmente algum dos prefeitos aborda, é a falta de planejamento dos gestores municipais em relação aos insumos da Saúde.

O argumento de que o crescimento exponencial de casos desde fevereiro pegou a todos de surpresa só explica em parte a situação atual. Em janeiro, até pela situação de Manaus, já havia indicativos claros de que a pandemia iria recrudescer. 

Agora, porém, é correr para apagar o incêndio. O Estado está atendendo às demandas dos municípios que já apresentaram o problema. E pretende fazer compras conjuntas na indústria para evitar que medicamentos sedativos, anestésicos e bloqueadores musculares faltem à população no pior momento da pandemia.

Crise nacional no setor

Nacionalmente, é bom que se diga, o quadro em relação a estes insumos é preocupante. Diante do altíssimo consumo em todo o País, o Ministério da Saúde está tentando fazer compras internacionais das medicações, o que tem causado tensão em profissionais da área. São diversos os estados com estoques no limite. 

O governador do Estado da Bahia, Rui Costa (PT), orientou a Procuradoria do Estado que entre com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar barrar o que considera “alta abusiva” nos preços destes medicamentos no mercado. Segundo ele, fornecedores estão elevando os valores em meio à pior crise de saúde da História.