Decisão de 'lockdown' não depende só da situação de saúde; cenário no Ceará é grave

Condições objetivas dificultam um novo fechamento defendido por especialistas

O recrudescimento da Covid-19 no Ceará, com o aumento do número de casos e a lotação dos hospitais da rede pública e privada, aumentou a circulação de boatos nas redes sociais sobre uma possível decretação de ‘lockdown’, fato que foi negado pelo governador Camilo Santana nesta manhã de terça-feira (16). 

A decisão de restrição severa das atividades econômicas e sociais não depende só da situação da saúde. Há uma complexidade bem maior na avaliação do cenário, o que justifica a cautela do governador no tema.
 

Conforme abordamos nesta coluna, os profissionais de Saúde que aconselham as autoridades cearenses consideram que deve haver sim uma restrição mais rígida das atividades não essenciais para evitar uma disparada maior dos casos e para resguardar a estrutura hospitalar principalmente na Capital cearense para os próximos 15 dias, período em que devemos chegar ao “platô” de casos.

As pressões vêm de todos os lados. O estado ainda nem equacionou as demandas de setores como eventos e bares e restaurantes - mais afetados pelas últimas medidas adotadas - e já está vendo a situação epidemiológica piorar. 

Antes de anunciar qualquer medida mais rígida, o governador deve observar as condições objetivas que o poder público pode oferecer ao cidadão em meio ao caos.  

No momento, embora esteja clara a disposição de o Congresso Nacional de aprovar um novo auxílio emergencial, não há nada concreto. Igualmente, as medidas para atender empresas e trabalhadores como a suspensão de jornada e de contratos também não constam no papel. 

As medidas adotadas por estados e municípios, embora importantes, não conseguem resolver o problema macro. Trata-se, portanto, de uma situação delicadíssima que força os governantes - que têm juízo - a agirem com cautela.