A disputa pela Prefeitura de Fortaleza vai entrar em uma fase decisiva, com a chegada da semana em que começa o prazo para as convenções partidárias. A disputa deve ser acirrada com, pelo menos, cinco pré-candidatos com mais evidência: André Fernandes (PL), Capitão Wagner (União Brasil), Eduardo Girão (Novo), Evandro Leitão (PT) e José Sarto (PDT).
Na reta final das articulações, os nomes apresentados ainda correm para anunciar decisões importantes como os pré-candidatos a vice e as coligações majoritárias. Esta coluna traz uma análise sobre como estão os nomes que devem concorrer ao Paço municipal em outubro.
André Fernandes (PL)
Deputado federal mais votado nas últimas eleições 2022, André representa a ala conservadora bolsonarista e é o nome mais próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro no Ceará. Ele aposta no apoio do líder nacional na disputa ao cargo. O parlamentar lidera uma plataforma de oposição forte ao prefeito Sarto, ao governador Elmano e ao presidente Lula.
Nome novo em disputas majoritárias na Capital, Fernandes tem como trunfo a chancela de um ex-presidente da República que mantém um capital político considerável e uma visão conservadora e de direita, que tem conquistado adeptos no País. Os desafios dele devem estar centrados na imagem de inexperiência administrativa, percentuais ainda altos de rejeição ao bolsonarismo, sobretudo em cidades do Nordeste, e a concorrência no campo de direita, com outros dois candidatos.
Capitão Wagner (União Brasil)
O ex-deputado federal tenta, pela terceira vez, assumir a Prefeitura de Fortaleza, após chegar ao segundo turno nas duas últimas eleições municipais e ser o candidato mais votado na Capital na eleição para governador em 2022. Recentemente, Wagner ocupou o cargo de secretário de Saúde de Maracanaú, em busca de experiência administrativa, uma crítica comum ao seu perfil por vezes monotemático de segurança pública.
Wagner tem como trunfo um recall de conhecimento entre os eleitores da Capital, comprovado em pesquisas, e um perfil também consolidado de opositor dos grupos que ocupam atualmente o Estado e a Prefeitura. Por outro lado, será desafiado a mostrar alguma novidade em sua candidatura após três derrotas seguidas ao Executivo, em um cenário que tem um prefeito disputando a reeleição, um candidato apoiado pelo governador e o presidente da República e outros dois candidatos de direita, que antes eram seus aliados.
Eduardo Girão (Novo)
Senador, conhecido por sua postura conservadora e, por vezes até controversa, Girão tem trajetória política recente. Eleito ao cargo na atípica eleição de 2018, ele derrotou o então presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), uma vitória pouco provável para os analistas naquele ano.
Empresário, Girão ganhou notoriedade antes de entrar na política ao ser presidente do Fortaleza Esporte Clube no ano do acesso do clube da Série C para a Série B, em 2017. A defesa de valores tradicionais e a luta contra o aborto são seus principais ativos, mas ele enfrenta desafios como a dubiedade sobre apoio ao ex-presidente Bolsonaro, a forte concorrência no campo da direita e ainda as dificuldades de estrutura do Partido Novo no Ceará e no Brasil.
Evandro Leitão (PT)
Presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro é um dos petistas mais próximos do governador Elmano de Freitas e do ministro Camilo Santana. Nos últimos meses, trabalhou para consolidar apoios dentro do PT e nos partidos aliados. Ele será o candidato com maior e mais estruturado arco de alianças no pleito da Capital, com suporte de PT, PSB, PSD, MDB, Republicanos e PP, o que vai assegurar o maior tempo de propaganda em rádio e TV.
Além da influência dos aliados, Leitão tem a seu favor a experiência como presidente do Poder Legislativo e um perfil moderado, descolado de padrões conhecidos da população de petistas históricos, como a ex-prefeita Luizianne Lins. Ele, entretanto, será desafiado a se tornar mais conhecido e demonstrar sua capacidade de administrar a maior cidade do Nordeste. Ex-presidente do Ceará Sporting Club, ele terá que lidar com as divergências típicas da paixão pelo futebol na Capital.
José Sarto (PDT)
O prefeito chega à disputa em busca da reeleição. Após um começo de mandato conturbado por problemas pessoais e em meio à pandemia, Sarto aposta agora na entrega de obras e projetos em andamento como seu principal trunfo. Desde a última disputa, em que foi eleito para suceder o correligionário Roberto Cláudio, sua base de apoio, tanto eleitoral como legislativa, sofreu alterações consideráveis, principalmente a perda de aliados como PSD e PSB, que poderiam garantir melhor tempo de propaganda de rádio e TV.
A coligação dele terá PDT, PSDB/Cidadania, PRD e Avante como principais legendas. Além das obras, Sarto aposta ainda em fortes chapas de candidatos a vereador que ele espera eleger mais da metade das 43 cadeiras da Câmara. Sua gestão será julgada pela capacidade de convencer os eleitores de que merece mais quatro anos de gestão e, para isso, pelo menos por enquanto, terá pouco tempo de propaganda.