Um dos primeiros grandes nomes do PSDB a anunciar apoio a Lula no segundo turno, o senador cearense Tasso Jereissati defende que, apesar deste alinhamento na eleição, o partido não deve ocupar cargos no governo e nem integrar a base de apoio a Lula no Congresso Nacional. O momento, para ele, é de “transição radical” no PSDB, que caiu no número de deputados federais eleitos, mas fez três governadores.
A ideia do parlamentar e ex-governador do Ceará é que o partido faça oposição “não sistemática” ao governo Lula, ajudando na aprovação de projetos de interesse do governo que sejam importantes para o País. A posição dele foi dada em entrevista ao Jornal O Globo.
Tasso e o PSDB são adversários históricos do PT e de Lula. As diferenças se aprofundaram a partir do governo Fernando Henrique Cardoso, mas o enfrentamento ao governo Bolsonaro acabou aproximando as duas legendas de alguma maneira.
Jereissati detalhou que, após a vitória nas urnas, foi chamado por Lula para uma conversa em São Paulo. “Ele falou da disposição de fazer um governo aberto, da preocupação extrema de acertar e que o governo não seria pautado apenas pela agenda do PT”, declarou o parlamentar.
A vitória de Lula nas urnas, avalia o cearense, se deveu a uma conjunção de esforços de vários partidos e tendências no País e que o presidente eleito compreende essa dinâmica.
Desafios da nova gestão
Os tempos difíceis na economia serão o maior desafio do governo Lula, principalmente quando se olha a crise global. “Inflação alta, o planeta entrando em recessão, as famílias ficando endividadas. O cenário não é fácil”, reforçou.
Tasso minimiza, entretanto, possíveis problemas de governabilidade no Congresso Nacional, embora lance um alerta. “Ele vai ter que negociar. Ele sabe que tem o centrão aí e que é preciso muita habilidade”.