O processo eleitoral no Ceará em 2024 está revelando uma ameaça que começou tímida há alguns anos, mas estar ganhando dimensão: a pouco disfarçada atuação de facções criminosas nas eleições. A Polícia Civil já tem inquéritos com informações concretas de que criminosos podem estar extorquindo candidatos e intimidando eleitores para controlar territórios e influenciar o resultado das urnas.
Casos como os de Santa Quitéria e Sobral, onde candidatos estariam sendo coagidos, revelam ataques ao sistema democrático frente ao poder paralelo de organizações criminosas. Essa realidade, que se revela na eleição, exige resposta urgente e articulada das autoridades em todas as esferas de poder.
Na eleição, a costumeira mobilização de forças de segurança estaduais e federais, ainda que necessária, parece insuficiente para abarcar a dimensão da demanda da sociedade. A presença de policiais nas ruas e a atuação ostensiva no dia do pleito podem inibir a violência no momento, mas há elementos estruturais a desafiar as autoridades.
O combate ao crime organizado que agora estaria interferindo nas eleições, deve partir de uma ação integrada que seja capaz de unir segurança pública, inteligência e políticas sociais, em todos os níveis, para atingir dois pilares dessa estrutura: o crescimento financeiro e territorial dos criminosos.
É imprescindível que os governos municipais, estaduais e federal atuem de forma coordenada, com planejamento e execução continuada. Caso contrário, o que está sendo visto neste pleito pode ganhar contornos ainda piores em 2026, nas eleições gerais.
Grave problema, a tentativa de interferência criminosa no processo eleitoral pode se constituir em uma oportunidade para o poder público no Brasil reestruturar políticas e procedimentos para dar uma resposta concreta à sociedade.