Minha admiração pela moda cearense e por todos os seus criativos é imensa. Mesmo quando eu não sabia muita coisa sobre o assunto, já percebia que a moda daqui tem um valor muito especial. Aquela moda que nasce de qualquer lugar, sabe? Que não se rende aos estereótipos nordestinos, mas que valoriza o que a gente tem de melhor aqui. O mix perfeito da tradição, história e ancestralidade.
Hoje eu quero falar da Sarah Veloso. Eu a conheci pouco antes da pandemia, pela internet mesmo - eram muitos amigos e interesses em comum, foi realmente um encontro promovido pelos arquitetos do universo.
Cearense, nascida e criada no bairro de Messejana, é comunicadora como eu. Nesse encontro, a gente descobriu um grande amor em comum: a moda. Aliás, mais que a moda, a gente se encontra e se une perfeitamente no processo de vestir e vestir pessoas para que elas se sintam totalmente contempladas como são e querem ser.
Sarah sempre foi criativa e crítica. Quando resolveu migrar para o design de moda, mesmo após formada na comunicação e estabelecida no mercado, não tive dúvidas de que ela iria brilhar.
Em 2023, foi primeiro lugar no concurso “Jovens Criadores”, promovido pelo SENAC, e foi esse prêmio que permitiu com que a designer pudesse começar a compartilhar da sua arte conosco.
Que nosso estado é um polo têxtil fortíssimo e com um artesanato riquíssimo, todo mundo já sabe. E, mesmo assim, poder ver Sarah Veloso nesse meio é aquela lufada de singularidade que a gente também tem precisado no mundo da moda.
Sua marca, que leva seu próprio nome, representa coragem, força e paixão. É inovadora e sustentável. É a cara da nossa Fortaleza, de litoral urbano e de sertão. Valoriza nossa arte e cria roupas com que são muito mais que "a cara do Ceará": são a nossa cara. Reside em cada uma de nós aquele detalhe que nos faz únicas, e é para nós que Sarah Veloso cria, desenha e costura.
Quando, lá no início, Sarah iniciou a concepção da sua coleção “Balance”, me deixou muito animada o interesse dela em fazer roupas que pudessem caber numa pessoa como eu.
Veja bem, os cursos de moda não impulsionam pensamentos como esse. Não se aprende a modelar e costurar para um corpo gordo. Não se incentiva a busca desse conhecimento também - e ouso dizer que nem os próprios professoras, em sua maioria, pensem nisso como algo importante.
Não é comum ver alguém sair da faculdade de moda querendo vestir pessoas grandes. E ver isso, de alguma forma, ainda que pequena, mudando, é um respiro de alívio.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.