Semana com Inflação subindo, gasolina desonerada e divergência no Governo

O ministro da Fazenda tromba com o PT, que não quer onerar com imposto federal o preço da gasolina para manter alta popularidade do presidente. Haddad não quer perder receita. Lula decidirá.

Nas últimas semanas, a projeção de inflação para este ano de 2023 tem subido, razão pela qual os economistas estão apostando numa alta de 6% para o IPCA, bem acima do teto da meta do Banco Central, que é de 4,75%.

O que isto pode significar? A resposta é imediata: uma nova subida da taxa básica de juros Selic, que, desde agosto do ano passado, está fixada em 13,75%. 

Os economistas do Banco Itaú estão prevendo uma inflação de 6,3% para este ano, e são várias as razões dessa previsão, a primeira dos quais é a incerteza quanto à política fiscal do governo do presidente Lula; a segunda surgiu há três dias: uma divergência entre a equipe econômica do governo e o comando do Partido dos Trabalhadores.
 
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quer manter o compromisso com a redução dos gastos públicos, e o primeiro passo nesse sentido seria a volta da cobrança dos tributos federais incidentes sobre a gasolina e o etanol. 

Mas a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, levantou-se contra a ideia e sugeriu que a desoneração seja prorrogada por mais dois meses, até que a nova diretoria da Petrobras, presidida pelo petista Jean Paul Prates, estabeleça a nova política de preços da estatal. Essa desoneração terminará amanhã para a gasolina e etanol; para o óleo diesel, ela valerá até 31 de dezembro deste ano.

O presidente Lula deverá decidir a questão amanhã.

Gleisi Hoffmann preocupa-se com a popularidade do presidente Lula e com a imagem do PT, que seriam imediatamente prejudicadas por um aumento dos preços da gasolina e do etanol, que viriam como consequência da desoneração.  

O ministro Fernando Haddad, por sua vez, está preocupado com o rombo do orçamento da União neste ano, que é de R$ 231 bilhões, razão pela qual tem anunciado medidas para reduzir ao mínimo esse déficit, com a perspectiva de transformá-lo em superávit, o que será praticamente impossível diante do aumento das despesas do governo. 

Entre essas medidas, Haddad promete para o próximo mês de março o envio ao Congresso Nacional de um arcabouço fiscal, que substituirá o teto de gastos. 

Diante dessas dificuldades, agora aumentadas em razão das divergências com a direção do PT, a promessa do ministro Fernando Haddad já não encontra, no mercado financeiro, tanto entusiasmo como há um mês, quando ela foi anunciada. 

Mas não são apenas os preços administrados, como os da gasolina, óleo diesel, etanol, gás de cozinha, passagens de ônibus e de trem, mas também os do setor de serviços, como cabeleireiros, restaurantes, planos de saúde e mensalidades escolares, que terão influência no IPCA de 2023. 

Resumindo: há um horizonte cinzento à vista na economia brasileira, e só o governo pode desanuviar esse cenário.

Na quinta-feira, dia 2 de março, será divulgado o PIB do Brasil em 2022. As previsões indicam que o Produto Interno Bruto brasileiro fechou o ano passado na marca de 3%, ajudado pelo consumo das famílias e pelo bom resultado das exportações, de acordo com os economistas do Itaú.

Amanhã, sairá o resultado da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio relativa a 2022, elaborada pelo IBGE. Os economistas do Banco Itaú estimam que, no ano passado, a taxa de desemprego do país fechou em 8%.

Na quarta-feira, será divulgado o balanço financeiro da Petrobras relativo ao quarto trimestre do ano passado. Os investidores estão interessados em saber quanto a Petrobras reservará do seu lucro em 2022 para pagar dividendos aos seus acionistas.