Faz algum tempo, no mínimo sete meses, que a economia do Brasil – a do Ceará, também – vive sob um crescente estado de expectativa.
No plano nacional, a indústria, o comércio, a agropecuária e os setores de serviço e do turismo aguardam que o Executivo e o Legislativo se acertem sobre as grandes reformas de que precisa o país para, em primeiro lugar, reordenar as contas públicas e, em segundo, recolocar no trilho do progresso todas as suas cadeias produtivas.
A economia, principal interessada, aguarda com a paciência de Jó.
Não será difícil, pois o Palácio do Planalto tem munição suficiente para garantir, outra vez, a maioria dos votos necessários à sua aprovação.
Estão tramitando no Parlamento as reformas mais urgentes, como a Tributária e o arcabouço fiscal.
A primeira já foi aprovada pela Câmara dos Deputados e agora está sob análise do Senado Federal; a nova matriz fiscal, aprovada pelas duas casas legislativas, está sob revisão dos deputados, uma vez que os senadores enxertaram no seu texto excepcionalidades que podem colocar em risco a austeridade fiscal prometida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Como tudo depende do jogo da política, o Centrão – uma seleção de siglas partidárias que detém a maioria na Câmara dos Deputados – exige em troca dos seus votos o que sempre exigiu: ministérios e posições de mando em organismos do governo da União.
Precisando da aprovação das reformas – as que tramitam hoje e as que tramitarão amanhã, e entre estas estará a Reforma Tributária da Renda – o presidente Lula mostra-se disposto a sacrificar, inclusive, seu ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, que é também o vice-presidente da República.
“Tudo pela governabilidade”, poderiam dizer, a um só tempo, Lula e Artur Lira, seu “aliado” – sim, entre aspas – que preside a Câmara, lidera o Centrão e é o dono dos votos necessários para que se alcancem os 2/3 dos votos para a aprovação das PECs, que são as Propostas de Emenda à Constituição. Mas tudo isso é do jogo da política brasileira.
Indicados e bancados pelo Centrão, vêm aí novos ministros, novos dirigentes de empresas públicas e até novos diretores de agências reguladoras, e era só o que faltava. Isto é o que hoje, abertamente, se registra na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
No Ceará, a expectativa que açoda as cadeias produtivas dos diferentes setores da economia está mais ligada às ações do Poder Executivo, que tem esmagadora maioria no Parlamento estadual, onde aprova ou rejeita o que quer. Isto é bom, pois revela a força do governo, detalhe que é muito observado pelo investidor quando ele tem de decidir onde localizar seu novo projeto.
As expectativas que existem se referem aos grandes empreendimentos de infraestrutura – todos privados – que dizem respeito à geração de energias renováveis e à produção do Hidrogênio Verde.
A estes devem ser acrescentados os que têm como foco a recuperação de áreas degradadas no semiárido do mundo – e o Nordeste brasileiro, com o Ceará no meio, poderá ser o epicentro desse esforço. É aqui que surge a boa novidade.
Trata-se de mais uma providência liderada pela Organização das Nações Unidas (ONU) com vistas à recuperação do meio ambiente. Não apenas a ONU, mas grandes empresas mundiais mobilizam-se para criar fundos capazes de financiar iniciativas voltadas a projetos de reflorestamento em regiões de baixa pluviometria, como é o caso, por exemplo, dos Inhamuns, no Oeste do Ceará.
Esta coluna já divulgou que a Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), em parceria com a Secretaria do Desenvolvimento Econômico, está disposta a participar de um ou mais projetos desse tipo, para o que vem mantendo contato com consultores nacionais e estrangeiros.
De acordo com o que apurou esta coluna, será muito possível restaurar áreas degradadas do sertão cearense por meio de projetos que gerem energia solar fotovoltaica e, na mesma área, produzam, por exemplo, a caprinocultura ou a fruticultura, usando para isso água do subsolo. É uma expectativa que cresce.
Outra expectativa em crescimento é a que já mobiliza vários empresários e empresas do Ceará e de estados do Centro Oeste para tornar este pedaço do Brasil um grande produtor de algodão e soja.
Novidade: um grande sojicultor mato-grossense está adquirindo uma vasta área de terra no Sul cearense para cultivar soja e algodão.
Mas esta coluna repete: por enquanto, são expectativas. Melhor dizendo: são boas expectativas.