Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, não só é possível, mas correto, sim, criar hoje tilápia em viveiros dentro do açude Castanhão, que acumula cerca de 2 bilhões de metros cúbicos de água, volume suficiente para o desenvolvimento dessa atividade.
A mesma opinião tem o empresário Cristiano Maia, maior criador de camarão do país, que, quando foi prefeito de Jaguaribara, nos primeiros anos deste século, adquiriu e distribuiu entre pequenos criadores de tilápia 400 gaiolas que foram instaladas no espelho d’água do maior reservatório do Ceará.
Os dois discordam do que publicou ontem esta coluna a respeito da presença de dezenas de pessoas criando tilápia no Castanhão em condições que – segundo a fonte da informação – podem prejudicar a qualidade da água e causar a mortandade dos cardumes, uma vez que não há efetiva fiscalização sobre a atividade.
A coluna recebeu de um empresário cearense, grande criador de tilápia em viveiro, uma mensagem, na qual ele diz que, em primeiro lugar, a tilapicultura exige de quem a pratica um rígido controle da qualidade da água. Por exemplo, nos seus viveiros, que se localizam em municípios distantes do Castanhão, esse controle é permanente.
Ele discorda da generalização cometida pela coluna. Sua empresa, de novo como exemplo, “trabalha com a produção de tilápias em viveiros e com recirculação de água; não se joga nada fora, tudo é reaproveitado para o próprio cultivo”.
Também assinala que “o nosso próprio governo tem um estudo de produção de tilápia para cada barragem, sem comprometer a qualidade”.
O que esta coluna divulgou foi produto do que lhe revelou um empresário que, por vários anos, criou tilápia em gaiola nas águas do açude Castanhão.
Essa fonte disse que, hoje, há a possibilidade de, por falta de fiscalização, acontecer problema de falta de oxigenação da água, com a consequente mortandade de peixes. E acrescentou que pelo mesmo motivo – a falta de fiscais do poder público – há infrações à legislação ambiental.
Todavia, na opinião do presidente da Faec, a criação de tilápia nas águas do Castanhão não é uma atividade nova, ela já existe com sucesso, dando emprego a dezenas de famílias do Vale do Jaguaribe.
A perspectiva é boa para a atividade, tendo em vista que o Projeto São Francisco de Integração de Bacias já retomou o bombeamento das águas do Velho Chico, cujo destino é o Castanhão, que assim terá volume permanente para garantir o prosseguimento da tilapicultura no seu espelho d’água.
Amílcar Silveira lembra que o Ceará já foi o maior produtor brasileiro de tilápia, e hoje traz da Bahia e Minas Gerais “boa parte desse peixe, que é o mais consumido pelos nordestinos do Ceará e dos demais estados da região”.