Ovinos e caprinos: AgroTauá Produtivo é um bom exemplo

Programa criado e desenvolvido pela Prefeitura do Município melhora a genética do rebanho e a qualidade de vida de agricultores e pecuaristas, como diz o consultor em pecuária Kolowysky Dantas

Eis uma boa iniciativa que deveria ser copiada pelas demais 183 prefeituras do Ceará: a de Tauá, no Oeste do estado, região beneficiada pelo sol (antes, dizia-se que era castigada, mas o sertanejo já entende que o sol é um aliado importante, e isto se deve à melhor tecnologia), criou e está desenvolvendo, agora com a recente consultoria do veterinário cearense Koloswyskys Dantas, o programa AgroTauá Produtivo (assim mesmo, ligado).

Trata-se de uma ação executada por meio de uma parceria com o ministério da Integração e do Desenvolvimento regional com o objetivo de “fortalecer as cadeias produtivas locais, promovendo o desenvolvimento sustentável, melhorando a genética do rebanho e a qualidade de vida das pessoas, preservando, simultaneamente o meio ambiente”, como explica Kolowyskys. Os recursos para a execução do programa são oriundas de emenda parlamentar do deputado Domingos Neto.

Os objetivos são encantadores, mas para alcançá-los “há muito chão a percorrer “, como ele diz.

O programa foi planejado com esmero e cuidado e avança à toda velocidade porque, mesmo sendo de baixo custo, mobiliza a entusiasmada comunidade de agricultores e de pecuaristas, principalmente os criadores de ovinos e caprinos de Tauá, oferecendo-lhe variadas atividades, que incluem workshops (reuniões de grupos de pessoas que se interessam por determinado tema), seminários, palestras, cursos e consultorias técnicas “com profissionais renomados e especializados”, como faz questão de informar o consultor.

“Hoje, o AgroTauá Produtivo já está presente em mais de 300 propriedades rurais do município, cujos donos e seus gerentes e funcionários recebem assistência técnica nas cadeias produtivas de agricultura (horticultura e fruticultura), apicultura, ovinocaprinocultura e bovinocultura, ou seja, atividades para as quais o produtor rural de Tauá está vocacionado”, explica Kolowyskys Dantas.

Ele acrescenta que a assistência técnica prestada pelo programa é voltada para os produtores rurais de Tauá, que para isso se inscreveram, oficialmente, na Secretaria de Agricultura do município.

Durante a periódica visita às propriedades, os responsáveis pela assistência técnica aos criadores de bovinos, ovinos e caprinos abordam os diagnósticos clínicos reprodutivos, a escrituração zootécnica do rebanho, as formulações de rações e sua mineralização e o suporte forrageiro que garante a alimentação dos rebanhos durante a fase de estio, que sempre acontece nesta época do ano no Ceará e em boa parte do Nordeste.

Kolowyskys não tem dúvida de que o AgroTauá Produtivo, do jeito que foi concebido e vem sendo executado, é o modelo ideal para implementação em outros municípios “por todas as suas virtudes”, entre as quais se sobressai o baixo custo e o fácil aprendizado, uma vez que as novidades teóricas transmitidas aos produtores e criadores são, na prática, de fácil entendimento e de mais fácil aplicação, ainda, no dia a dia de quem vive e trabalha no campo.

Em relação à ovinocaprinocultura, o programa da Prefeitura de Tauá, provavelmente por coincidência, está diretamente atrelado ao projeto do empresário Ricardo Steinbruch, líder do Grupo Vicunha, que deseja implantar, preferencialmente no Ceará, um frigorífico industrial para abater ovinos, cuja carne será destinada exclusivamente aos países do Oriente Médio. O abate será feito pelo método Halal, ou seja, em tudo obediente ao que manda a religião muçulmana.  

Como o Ceará, sozinho, não tem, por enquanto, rebanho ovino em quantidade para atender à demanda de um frigorífico industrial – são apenas 1,7 milhão de carneiros e ovelhas – Steinbruch já revelou que adquirirá animais de todos os nove estados do Nordeste.

É exatamente por esta dificuldade que a localização do frigorífico do Grupo Vicunha ainda não tem localização definida. A preferência do grupo é pelo Ceará, uma vez que aqui Steinbruch tem duas fábricas de tecidos índigo – uma em Fortaleza, outra em Horizonte, na RMF – e duas fazendas de produção de mangas para exportação, em Beberibe e Quixeré.

O governo do Ceará, que sempre apoiou os empreendimentos do Grupo Vicunha, torce para que esse frigorífico se localize neste Estado, de preferência em um município do sertão.