De volta a Fortaleza, após duas semanas de viagem técnica pela Califórnia, fazendo parte da Missão Faec, cujos 25 integrantes viram os maiores projetos de irrigação e as principais fazendas agrícolas dos EUA, o secretário Executivo do Agronegócio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) do Governo do Ceará, Sílvio Carlos Ribeiro, disse a esta coluna que boa parte da tecnologia usada na agricultura californiana “já é utilizada no Brasil e, também, no Ceará, e esta é uma boa notícia, pois revela o grau de progresso que nosso agro alcançou”.
“Todos os que integraram a Missão Faec concluímos, ao final da viagem, que a agricultura irrigada tem grande importância não só no desenvolvimento econômico de um país, mas também no seu progresso social. No caso da Califórnia, o que prendeu nossa atenção desde o primeiro momento foi a questão da gestão da água, como utilizá-la eficientemente, ou seja, usando-a cada vez menos para produzir cada vez mais, e este resultado é alcançado graças à melhor tecnologia disponível lá e aqui”, disse Ribeiro.
De acordo ele, os agricultores da Califórnia têm preocupação constante com o uso da água, uma vez que ela – além de ser usada na agricultura – tem de garantir também o abastecimento da população das cidades e de suas indústrias. O foco, pois, é produzir mais com menos água para que ela chegue às cidades e cumpra a sua principal finalidade social: garantir o abastecimento humano.
Na Califórnia, a água não vem apenas da transposição do rio Colorado, mas de diferentes fontes, incluindo a do degelo das montanhas – que é a principal, a do subsolo e a das barragens que a engenharia construiu em várias regiões daquele estado norte-americano.
Em algumas regiões – disse o secretário – a água subterrânea é usada intensivamente, e isto é fonte de preocupação das autoridades responsáveis pela administração dos recursos hídricos do país, as quais entendem que os aquíferos merecem cuidados especiais, devendo ser explorados racional e sustentavelmente.
“Posso dizer que a gestão da água é a principal prioridade dos agricultores norte-americanos; a segunda é a sua transferência que é feita por canais a céu aberto, por adutoras tubulares e pelos rios. Outra prioridade é a produção agrícola, que envolve a escolha de novas culturas, o que tem a ver com as necessidades do mercado consumidor interno e externo. E há, ainda, a terceira prioridade, que é a tecnologia voltada para a atividade agrícola, e nós, durante a viagem, conhecemos e aprendemos quais são essas tecnologias e como elas são utilizadas”, contou Sílvio Carlos Ribeiro.
Ele informou que o agricultor dos EUA investe constantemente no melhoramento genético, na biotecnologia, buscando novas variedades que se adaptem ao clima, à oferta de água e, sobremaneira, à garantia da produtividade.
“Esse é um trabalho que precisa de ser desenvolvido no Ceará, pois temos de pesquisar, por meio da biotecnologia, novas culturas que se adequem ao nosso solo e ao nosso clima, que variam de região para região. Mas não é nada difícil, tendo em vista que algumas empresas privadas, com o apoio da academia e da Embrapa, já fazem isso com sucesso. Temos que imitar os norte-americanos no que eles têm de bom, temos de pesquisar novas culturas que sejam resistentes, por exemplo, às águas salobras, que é algo presente no sertão cearense”, acrescentou o secretário Executivo do Agronegócio da SDE.
O último dia da viagem da Missão Faec foi vivido quinta-feira, 11, no ambiente interno da Universidade da Califórnia Davis, onde está uma das principais escolas de agricultura do mundo. Os professores Daniel Zacarias e Richard Snyder, que acompanharam o grupo cearense durante toda a viagem, pronunciaram palestras sobre os diferentes aspectos da gestão da água na agricultura irrigada e, em seguida, deram resposta às perguntas dos cearenses.
“Todos os que viajamos à Califórnia na Missão Faec retornamos com a certeza de que valeu a pena, de que ampliamos nossos conhecimentos técnicos e profissionais acerca do melhor uso da água, da sustentabilidade, da produção de alimentos, da geração de emprego e renda. Tudo isso representa, na Califórnia, um Valor Bruto da Produção Agrícola de US$ 58 bilhões, número que significa só 2% do PIB daquele estado, que é rico no cinema, na Tecnologia da Informação (Vale do Silício), na indústria e no turismo”, concluiu Sílvio Carlos Ribeiro.