M. Dias Branco já está cuidando da sucessão de Ivens

Falando para 100 filiados da Associação dos Jovens Empresários de Fortaleza (AJE), o sócio e CEO da empresa, Ivens Dias Branco Júnior, disse que apoiará qualquer decisão da família, incluindo a escolha de um nome do mercado

Ao falar ontem, 29, para 100 filiados da Associação dos Jovens Empresários de Fortaleza, o industrial Ivens Dias Branco Júnior, sócio e CEO de M. Dias Branco, empresa líder do mercado de massas e biscoitos do Brasil, anunciou que já está encaminhando o processo de sucessão no comando da empresa, que se fará em 2026, quando seu atual mandato se encerrará. 

E adiantou que apoiará qualquer decisão que adotar sua família, incluindo a possibilidade de escolha de um nome do mercado.
 
A companhia atravessa seu melhor momento, e aqui está uma prova: no ano passado de 2023, a empresa controlada pelos Dias Branco alcançou um resultado extraordinário, com lucro líquido de R$ 889 milhões. Hoje, e já faz algum tempo, os principais postos de comando de M. Dias Branco são ocupados por profissionais extraídos do mercado.

Além dos mais de 100 jovens empresários da AJE, também ouviram a palestra de Ivens Júnior no auditório da GME – uma empresa do grupo instalada no morro do Mucuripe – o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante; o presidente da CDL Fortaleza, Assis Cavalcante; o superintendente do Sesi e diretor-regional do Senai, Paulo André Holanda; o vice-presidente da Fiec, André Montenegro; e o atual coordenador-geral da AJE, David Macedo; e o seu sucessor, Lucas Melo.

Durante uma hora, o CEO de M. Dias Branco contou sua história empresarial, que começou no início dos anos 20 do século passado, quando seu avó Manoel Dias Branco emigrou de Portugal para o Brasil, instalando-se em Belém, onde enfrentou uma tuberculose, curada na serra cearense de Guaramiranga para onde se mudou a conselho de um médico paraense. 

No clima montanhoso Guaramiranga, o “seu Manoel” descobriu que a economia agrícola do Ceará lhe oferecia oportunidades de ganhar dinheiro com a venda de algodão, cera de carnaúba e oiticica. E ganhou. E abriu um armazém de secos e molhados, pouco tempo depois transformada em panificadora. O negócio prosperou e a cidade de Cedro ficou pequena para os seus objetivos. “Seu Manoel” mudou-se para Fortaleza, onde abriu uma padaria, que mais tarde virou uma indústria de bolachas e biscoitos. E o filho Ivens foi chamado para ser sócio do pai no empreendimento.
 
Com largo tino empresarial, Ivens anteviu que a pequena indústria teria de crescer, e na Aldeota não havia espaço para esse crescimento.  Então, comprou, na BR-116, um terreno de 60 hectares, área capaz de abrigar seu sonho de empreendedor. E deu certo. Como os sonhos do filho eram maiores do que os seus, os dois acertaram as contas e Manoel decidiu retornar ao seu torrão natal – a belíssima Aveiro, em Portugal.

Na época, a indústria de moagem de trigo no Brasil era dominada por um cartel, que casava, batizava e castigava os que fabricavam bolachas, biscoitos e macarrão. Até que a casa caiu com a eleição do presidente Fernando Collor de Melo, que abriu o mercado do trigo. Foi o bastante para alargar os sonhos de Ivens Dias Branco – imediatamente depois do anúncio do fim do monopólio da moagem de trigo, ele comprou na Suíça um moinho novinho, de última tecnologia, que foi instalado no porto do Mucuripe. 

Aí, ele chamou o filho Ivens e deu-lhe posição de destaque na empresa, mas também uma cartilha de obrigações, que foram cumpridas “à custa de muito trabalho, dedicação e estudos sobre as diferentes facetas do negócio”.

M. Dias Branco cresceu na velocidade do frevo, e abriu o capital, tendo agora ações negociadas na Bolsa de Valores brasileira B3.

A empresa espalhou-se pelo Brasil todo – hoje, a companhia tem moinhos e fábricas de massas e biscoitos no Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

Por sugestão do pai e com apoio de toda a família, Ivens Júnior tornou-se presidente e CEO de M. Dias Branco. 

Sob sua gestão, a empresa fez algumas importantes aquisições, as mais destacadas foram a da fluminense Piraquê, uma das mais famosas marcas de biscoitos do país, e a Las Acácias, de Montevidéu, maior fabricante de massas e biscoitos do Ururguai.

Para além da indústria de moagem e de fabricação de massas e biscoitos, a família Dias Branco tem grandes negócios na área de portos (é dona de um moderníssimo porto marítimo em Aratu, na Bahia), na hotelaria, na incorporação imobiliária, na fabricação de cimento (em associação com a gigante grega Titan) e na produção de margarina e gorduras hidrogenadas, sendo dona também de um terminal aeroportuário no Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza.

No final de sua fala para os rapazes e moças da AJE Fortaleza, Ivens fez uma declaração nos seguintes termos: 

“Se eu puder deixar aqui uma mensagem para vocês, é que as portas do mundo se abrem com três chaves: a chave do Respeito (com licença!), a chave da Educação (por favor!) e a chave da Gratidão (obrigado!).

“Nunca parem de sonhar, sonhem grande! Formem um time que acredite e participe desse sonho! Trabalhem duro, saibam que a maneira mais segura de vencer é trabalhar honestamente. Não sejam imediatistas, ajam com prudência e cautela, pois o sucesso de amanhã começa a ser construído hoje, com muito sacrifício, esforço e dedicação.

“Mas tenham certeza de que essa vitória valerá muito a pena ser conquistada.”

Foi aplaudido de pé pelo lotado auditório.

FIEC E CDL DESTACAM EXEMPLOS DE IVENS DIAS BRANCO JR.

Antes da palestra de Ivens Júnior, houve pronunciamentos, o primeiro dos quais foi o do coordenador-geral da AJE, David Macedo, que contou uma história surpreendente e que revela um detalhe do cotidiano de Ivens Júnior. 

“Eu pedi uma conversa com ele para formalizar o convite para a palestra de hoje, evento que marca o encerramento da minha gestão na AJE. Pois acreditem: Ivens marcou nosso encontro para as 6 horas da manhã, aqui na GME. E assim aconteceu. E eu soube depois que ele costuma chegar à fábrica antes desse horário”, contou Macedo.

Depois, falou o presidente da CDL Fortaleza, Assis Cavalcamnte, que ressaltou o papel importante que Ivens desenvolve – “o de gerar emprego e renda e impulsionar o progresso do Ceará, que muito precisa disso”. E concluiu afirmando que o Ceará e os cearenses muito devem à família Dias Branco.

Em seguida, falou o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, que disse, dirigindo-se aos jovens empresários da AJE: “Aqui, vocês têm muitas histórias e exemplos de como construir, desenvolver e consolidar os negócios”, mas os admoestou: “Atentem que, por trás da história exitosa do Ivens, há muita dedicação e muito trabalho, e só assim um empreendimento avança e chega ao sucesso”.

O diretor regional do Senai, Paulo André Holanda, também falou e revelou que está acontecendo hoje, na Fiec, “uma revolução e uma transformação digital”, aludindo ao Observatório da Indústria – uma plataforma à disposição dos investidores que contém mais de 5 bilhões (sim, 5 bilhões) de informações sobre a economia do Ceará, do Nordeste, do Brasil e do mundo. Holanda lembrou que o Grupo M. Dias Branco é cliente do Observatório da Indústria. E deu números que, na sua opinião, “dividem a Fiec em antes e depois de Ricardo Cavalcante”. 

E citou estes: “Antes dele, a Fiec tinha 103 laboratórios; hoje, tem 303.”