Ontem, a Bolsa de Valores brasileira B3 fechou em alta, uma alta moderada, de 0,54%, aos 113.143 pontos.
O dólar, por sua vez, encerrou o dia praticamente na estabilidade, cotado a R$ 5,04, com queda de 0,1%.
No mês de outubro, a Bolsa B3 teve queda de 2,94%.
No dia de ontem, as atenções do mercado voltaram-se para o bate-cabeça do governo, que continua sem definir a meta para o orçamento de 2024. Enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, segue dizendo que ele e sua equipe trabalham para alcançar a prometida meta de zerar o déficit ao fim do próximo exercício, o presidente da República mantém-se a favor de um déficit em torno de 0,5% do PIB.
Ontem, o presidente Lula reuniu-se com líderes dos partidos que apoiam o seu governo no Congresso, e disse a eles que não mudará a proposta de despesas do governo, o que quer dizer que a meta de déficit zero em 2024 foi para o espaço. Lula argumentou que tem de cumprir as promessas de campanha, e essas promessas significam a retomada de mais de 40 programas sociais.
O governo, isto é, o ministério da Fazenda, não sabe de que fonte arrecadatória sairá o dinheiro para bancar esses programas.
Resumindo: o orçamento da União continuará deficitário em 2024. Para zerar esse déficit, serão necessários R$ 168 bilhões de receita extra, e ninguém do governo sabe informar de onde virá essa montanha de dinheiro.
Esse bate-cabeça no governo levanta a desconfiança do mercado de que o governo vai continuar gastando muito mais do que arrecada, inibindo os investimentos privados e levantando dúvidas entre economistas e operadores da Bolsa de Valores.
Além dos problemas internos, o mercado olha para o front externo: os juros dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos alcançaram o rendimento máximo dos últimos 15 anos, atraindo para lá capitais que estavam aplicados nos chamados mercados emergentes, como o Brasil.
Como se não bastasse, eclodiu e está mais encarniçada ainda a guerra em Israel, cujas tropas bombardearam ontem um campo de refugiados do Hamas na Cisjordânia, aumento a possibilidade de entrada no conflito do Herzbolah, que é um grupo terrorista muito mais poderoso e que tem apoio do Irã. Isto repercute intensa e diretamente nos mercados.
Hoje é a penúltima super quarta-feira deste ano. O Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, decidirá sobre a taxa de juros Selic, que, de acordo com a previsão da quase unanimidade dos economistas, deverá ser reduzida em mais meio ponto percentual, com o que ela descerá dos atuais 12,75% ao ano para 12,25% ao ano.
Nos Estados Unidos, por sua vez, o FOMC, que é o equivalente ao Copom brasileiro, também decidirá sobre as taxas de juros da economia norte-americana, e as apostas estão divididas: uma parte dos economistas acha que elas subirão, outra parte preveem que elas serão mantidas nos patamares atuais.
A economia dos Estados Unidos segue mostrando sinais de que está aquecida, o mantém a inflação em nível maior do que a estabelecida pelo Federal Reserve, que é a autoridade monetária de lá. Até agora, a política de juros altos não mostrou o resultado esperado, razão pela qual o mercado espera, no mínimo, a manutenção das taxas de juros, que hoje estão na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano.
O preço internacional do petróleo caiu de novo ontem. O petróleo do tipo Brent, que é referência da Petrobras, fechou o dia negociado a US$ 85 por barril. Pesou não apenas a guerra em Israel, mas também a notícia de que a economia chinesa continua patinando, cujo setor industrial mostrou ontem resultados muito raquíticos, aquém do esperado pelo mercado.