Hidrogênio Verde e o consumo de água: uma pergunta

Trabalho científico de três pesquisadores da Universidade de Delaware (Newark-EUA), dois dos quais brasileiros, indaga: "Existe água suficiente para apoiar uma economia de hidrogênio?"

Na internet, há um trabalho acadêmico de três pesquisadores – Rebecca R. Beswick, Alexandra M. Oliveira e Yushan Yan (os dois primeiros são brasileiros) – do Departamento de Energia Química e Molecular do Centro de Ciência e Tecnologia Catalítica da Universidade de Delaware (Newark-EUA) – que formulam a seguinte e simples pergunta:

“Existe água suficiente para apoiar uma economia de hidrogênio?”

Esta coluna não pode citar trechos do trabalho dos três pesquisadores, pois se trata de uma dissertação científica protegida pela legislação internacional de direitos autorais, mas pode adiantar que se trata de uma investigação que coincide com o que o doutor Waldemar Gehring Júnior, da Unesp e da USP, disse sexta-feira, 4, a esta coluna, chamando atenção para “o absurdo consumo de água” que terão as unidades industriais que produzirão Hidrogênio Verde pelo processo de eletrólise (separação das moléculas da água por meio de energia elétrica). 

Aqui no Ceará, a opinião do doutor Gehring Júnior foi aplaudida pelo engenheiro cearense Fernando Ximenes, que desenvolveu uma tecnologia – ainda não testada em escala – de dessalinização da água do mar sem agredir a natureza porque o sal que resulta do processo é decantado e aproveitado pela indústria, “não retornando ao meio ambiente”, como ele explica. Ximenes batizou assim sua tecnologia: “Gram Eollic Floating offshore solar vacum dessalination”.

Este é um debate que está apenas no começo e que promete ser interessante à medida que avançam os projetos de produção do Hidrogênio Verde. Para ser verde – vale repetir – o hidrogênio tem de ser produzido com energias renováveis (solar e eólica) e com... água, muita água.
 
No caso cearense, pelo menos para os primeiros empreendimentos – da australiana Fortescue e da brasileira Casa dos Ventos, cujos projetos aguardam o licenciamento ambiental para ser instalados – a oferta de água está garantida: a Cagece já disse e repetiu que transferirá de Fortaleza para o Complexo do Pecém até 4 m³ por segundo de água de reuso, a que sai de sua Estação de Tratamento da Avenida Leste-Oeste (o consumo de água em Fortaleza chega a 10 m³/s). 

Por enquanto, é da Cagece a única disponibilidade hídrica para o futuro Hub do H2V do Pecém.

Mas o Oceano Atlântico, que banha o Ceará ao longo dos seus quase 600 quilômetros de costa, tem estoque infinito de água, que precisará de ser dessalinizada, e é aqui que, também por enquanto, reside o problema.
 
O custo de tornar doce a água marinha é hoje 1) muito alto e 2) poluente. Atentem para o que disse à coluna o Doutor Waldemar Gehring Júnior a respeito do tema:

“Se a fonte for água doce, estaremos na verdade eliminando uma fonte não renovável de recursos e de vida para ser uma parcela reconvertida em outro lugar na forma de água ou vapor d’água. Se for água salgada, a dessalinização irá gerar uma potencialização da salinidade local, sendo assim fonte poluidora 
devido à hipertonicidade do meio.”

Mas não é isso o que diz o cearense Fernando Ximenes, cuja tecnologia de dessalinização sem agredir o meio ambiente existe, mas precisa de ser testada em escala, ou seja, em grandes volumes, o que ainda não aconteceu.

BETO COMPRA JATINHO DA AMERICANAS

Em processo de recuperação judicial, a rede de Lojas Americanas – com dívidas superiores a R$ 40 bilhões, produto de uma fraude detectada em sua contabilidade – está se desfazendo de ativos. 

Um deles – um avião Phenom 300, da Embraer, novinho, com menos de 500 horas de voo e aviônica de ponta – acaba de ser arrematado, em leilão, pelo empresário cearense Beto Studart, que é dono, também, de um Challenger 300, da canadense Bombardier.

Falando a esta coluna, o próprio Beto Studart confirmou a informação, mas não o valor – R$ 44 milhões – pago pela aeronave. 
 
O Phenom é, hoje, o jato executivo mais vendido do mundo. Há uma fila de espera de dois anos para a compra de um deles.