Estão praticamente paralisadas, em todo o país, as vendas de automóveis zero quilômetro. Todos na espera de que se transforme em Lei o programa do governo de, por meio da concessão de subsídios, provocar a queda dos preços dos chamados veículos populares, cujos custos são impopulares, pois variam de R$ 60 mil a R$ 120 mil.
Ontem, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciaram as diretrizes do programa, que beneficiará, também, a venda de caminhões e ônibus novos, cujos descontos variarão de R$ 34 mil a R$ 99,4 mil.
Os preços dos automóveis, caminhões e ônibus serão reduzidos de 1,6% até 11,6%, para o que os veículos terão de atender a três requisitos: o social, o ambiental e o de densidade industrial.
Mas, atenção! Para a realização desse programa, o governo disponibilizará apenas R$ 1,5 bilhão de reais, assim distribuídos: R$ 500 milhões para automóveis; R$ 700 milhões para caminhões; e R$ 300 milhões para ônibus.
Tem mais: quando o total disponível para o financiamento for alcançado, o programa será automaticamente encerrado.
Esse programa foi prometido pelo presidente Lula e anunciado há uma semana pelo vice-presidente Geraldo Alcmin, que parece não haver combinado com seu ministro da Fazenda, cuja equipe teve de correr atrás de uma solução que não conflitasse com as metas do arcabouço fiscal, para as quais é necessária a redução das isenções fiscais que já representam quase R$ 500 bilhões por ano.
A intenção do governo Lula com esse programa de curtíssima duração é reativar a venda de veículos novos.
A indústria automobilística, que emprega milhares de metalúrgicos, que são a base popular do PT, atravessa um momento de crise. E sempre nessas crises o governo costuma socorrer esse segmento industrial, concedendo-lhe mais subsídios.
No caso de caminhões e ônibus, que entraram no programa aos 45 minutos do segundo tempo do jogo, o estímulo das vendas de veículos novos será via venda dos veículos antigos, o que deverá ser feito por meio das concessionárias.
Mas o programa terá uma contrapartida: o preço do óleo diesel vai aumentar dentro de 90 dias, como disse ontem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Será consequência da chamada reoneração, o que quer dizer que o governo voltará a cobrar os impostos federais incidentes sobre a venda do óleo diesel - combustível dos caminhões que transportam 90% das mercadorias produzidas no Brasil, principalmente alimentos.
Ontem, a General Motors anunciou que suspendeu a fabricação do seu veículo campeão de vendas – o automóvel Onix.
É que os pátios da montadora estão lotados e as vendas desabaram por culpa da queda da renda do brasileiro, da falta de crédito que é causada pelos juros altos e, consequentemente, pela inadimplência que cresce.
Resumindo: o programa de oferecer subsídio ao consumidor para a compra de automóveis, ônibus e caminhões zero quilômetro terá curta duração e, por isto mesmo, não deverá solucionar o problema, cuja causa, vale repetir, é a queda da renda, a falta de crédito, os juros altos e inadimplência.
Ontem, a Bolsa de Valores brasileira B3 fechou seu pregão com alta discretíssima, 0,12%, aos 112.669 pontos.
O dólar recuou de novo e encerrou o dia cotado a R$ 4,93.
Ajudou a B3 o Boletim Focus divulgado ontem de amanhã, indicando que a inflação brasileira prevista para este ano desceu de 5,71% para 5,69%.
Também uma declaração do presidente do Banco Central, Roberto Campos, segundo a qual a inflação dá bons sinais de queda, mas uma queda ainda lenta.
A fala de Campos foi bastante para que analistas do mercado intuíssem que o Comitê de Política Monetária do Banco Central, que se reunirá nos próximos dias 20 e 21, manterá a taxa de juros Selic nos atuais 13,75%, prorrogando para a reunião de agosto a decisão de reduzir essa taxa em 0,25%.
Mas, como se espera que o Copom já possa ter, na sua próxima reunião, a presença dos dois novos diretores do Banco Central indicados pelo presidente Lula, qualquer decisão que houver não deverá mais ser por unanimidade, como tem sido.