Fiec Summit: Izolda Cela rouba a cena e é a mais aplaudida

Depois de ser preterida pelo seu partido, a governadora falou com desenvoltura para dois auditórios lotados de brasileiros e estrangeiros, que gostaram do que ouviram. Aplaudiram-na forte e demoradamente.

Vestida de branco e exibindo agora um sorriso que a torna ainda mais simpática, a governadora Izolda Cela roubou a cena da cerimônia de abertura da Fiec Summit 2022, evento que, desde ontem, reúne aqui mais de 1.300 especialistas, empresários, executivos, investidores e professores de universidades de 18 países, que debatem sobre a energia do futuro – o Hidrogênio Verde.

A governadora fez, certamente de propósito, um discurso próprio dos que conhecem não só a intrincada máquina administrativa estadual que ela comanda desde o início de março, mas sua economia que, nos últimos anos, alcançou alto grau de sofisticação, exigindo do poder público medidas de igual complexidade.  

Tendo ouvido com atenção os discursos de Ricardo Cavalcante,  presidente da Federação das Indústrias (Fiec), promotora do evento, do professor Cândido Albuquerque, reitor da UFC,e de José Sarto, prefeito de Fortaleza, e reparado que ali estavam presentes muitos estrangeiros e brasileiros de outros estados, Izolda revelou seu poder de persuasão, relegado há uma semana pelos líderes do seu partido, que lhe negaram legenda para tentar a reeleição.  

Tranquila e sempre sorrindo, ela esmiuçou os diferentes aspectos do esforço que desenvolve – agora sob sua liderança – o governo do Estado, em parceria com a Fiec, a UFC e o Complexo do Pecém, no sentido de tornar realidade o projeto de implantação de um Hub do Hidrogênio Verde no Ceará.  

Izolda não tem dúvida do êxito dessa empreitada, que nasceu da mente do seu secretário do Desenvolvimento Econômico, Maia Júnior, logo aprovada e incentivada pelo seu antecessor, o governador Camilo Santana.  

Referiu-se Izolda Cela aos dons com os quais a natureza prodigalizou o Ceará – o sol, o vento e o mar – de onde estão vindo as energias renováveis que garantirão o verde do Hidrogênio a ser produzido na geografia da Zona de Processamento para Exportação, a ZPE do Pecém, a única instalada e em operação no Brasil.  

A governadora não esqueceu o compromisso que o Ceará assumiu na recente COP26 de trabalhar pela descarbonização do planeta, gravemente ameaçado pela antropização, e assinalou que será necessário não só produzir o Hidrogênio Verde, mas também o aço verde, numa referência ao produto final da Companhia Siderúrgica do Pecém, que agora tem novo dono, a multinacional ArcelorMittal, cuja direção, em comunicado ao mercado, anunciou investimentos, também, na produção do Hidrogênio Verde, providência que levará a empresa a dispensar o poluente carvão mineral que ainda move sua moderna usina. 

Interrompida por aplausos, Izolda também não olvidou as mulheres estão engajadas no projeto do Hub do H2V, entre elas Roseane Medeiros, secretária Executiva de Indústria da Secretaria do Desenvolvimento Econômico. E referiu-se, com palavras carinhosas e elogiosas, ao titular da Sedet, Maia Júnior, citando-o, com justiça, como líder desse empreendimento.  

Ela disse que o Ceará “sonha em ser a Casa do Hidrogênio Verde”. 

Igualmente, não esqueceu a governadora de abordar a questão da educação, para a qual estão voltados o governo do estado, a UFC e a Fiec, por meio do Senai-Ceará, em cujo Centro de Excelência de Transição Energética, na Barra do Ceará, está sendo qualificada a mão de obra para as empresas que produzirão o H2V no Ceará, e isto é grande vantagem comparativa.   

“Queremos ter pessoas qualificadas para o enfrentamento da onda tecnológica, cibernética, e isto só será possível por meio da boa educação”, disse a governadora. 

Quem testemunhou o discurso de Izolda Cela surpreendeu-se com sua desenvoltura e com o perfeito domínio do que acontece dentro e fora do governo.  

Ao sair do auditório, uma voz masculina gritou, e esta coluna ouviu: “Falou como uma estadista!”, como se estivesse dizendo: “Seria uma candidata com grande chance de vitória”. 

Ela sorriu e meneou a cabeça, em sinal de agradecimento. 

Como dizia, nos anos 80, o então governador Gonzaga Mota, a política é dinâmica. Como as nuvens, ela muda a todo instante.