Principais entidades do empresariado cearense, a Federação das Indústrias (Fiec) e a Federação da Agricultura e Pecuária (Faec) convergem para o mesmo objetivo – a promoção, na velocidade do frevo, do desenvolvimento econômico e social do Ceará, associando-se ao esforço que o governo do estado promove com a mesma finalidade.
Sob a liderança de Ricardo Cavalcante, a Fiec protagoniza ações que, em parceria com o universo acadêmico (leia-se UFC) e o Poder Público, pretendem transformar o Ceará em um grande centro de produção do Hidrogênio Verde, para o que já é sede de grandes projetos de geração de energias renováveis – solar fotovoltaica e eólica onshore, principalmente.
Além disso, a Fiec, por meio do capítulo cearense do Serviço Nacional da Indústria (Senai-Ceará), criou e opera com sucesso um Centro de Excelência de Transição Energética, que, no seu complexo da Barra do Ceará, treina e qualifica profissionais para as empresas de energias renováveis que estão aportando aqui.
Há uma enorme expectativa quanto aos empreendimentos que se instalarão no futuro Hub do H2V do Pecém, os quais preveem investimentos superiores a R$ 100 bilhões. Por enquanto, o que há são mais de 30 Memorandos de Entendimento, dois dos quais já se transformando em realidade – o da australiana Fortescue, que já tem licença ambiental concedida, e o da brasileira Casa dos Ventos, aguardando essa mesma licença. Ambas têm projetos prontos.
Pelo lado do setor agropecuário, há, digamos assim, uma chuva forte de boas notícias, a começar pela decisão do ministério da Integração e Desenvolvimento Regional de liberar as tratativas para oficializar a transferência da gestão do Perímetro Irrigado de Varjota, no Vale do Acaraú, para a Faec e a SDE – Secretaria do Desenvolvimento Econômico, as quais pretendem, no curto prazo, tornar eficientemente produtivos os seus 6.200 hectares, dos quais apenas 679 estão a produzir.
Será o primeiro passo – na direção correta – para que os 14 perímetros irrigados que o Dnocs administra no Ceará possam sair da letargia e da ineficiência atuais para uma etapa de modernização que exigirá investimento privado em novos equipamentos, na aquisição de novas tecnologias, na definição das culturas melhor adaptadas às exigências do mercado, na seleção austera dos irrigantes e na comercialização voltada para a exportação, como já anunciou o presidente da Faec, Amílcar Silveira, que atua, simultaneamente, em outras frentes.
Querem a Faec e a SDE transformar o Perímetro Irrigado de Varjota em modelo para a agricultura irrigada de todo o país, o que só será possível quando sua gestão mudar de mãos.
A boa notícia extraída do meio dessas novidades é a de que os atuais irrigantes – que ocupam os 679 dos 6.200 hectares do Varjosa – permanecerão em suas glebas, produzindo o que já produzem, ou seja, eles não terão qualquer prejuízo.
“Pelo contrário, se eles desejarem, poderão engajar-se ao nosso esforço de transformar o Varjota no projeto modelar da nova agricultura irrigada do Ceará”, como diz o presidente da Faec, Amílcar Silveira.
A Faec está, ainda, empenhada em acelerar a ideia do ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Goes, que quer implantar cinco Polos Nacionais de Agricultura Irrigada no Brasil, um dos quais no Ceará.
Para isso, o Perímetro Irrigado de Varjota terá papel fundamental, pois – a partir do momento em que sua gestão se transferir para a Faec e a Sedet – serão feitos os investimentos, “todos privados”, como salienta Amílcar Silveira, para torná-lo um empreendimento modelo e ponto de partida para uma mudança radical na área da irrigação no Ceará, no Nordeste e em todo o país.
A Faec tem ainda protagonismo em outra frente, a da viabilização da ideia de ser instalada aqui uma unidade de pesquisa da Embrapa dedicada à Maricultura, algo que envolve a criação de camarão em águas marinhas e interiores, a produção de algas e a pesca de lagostas e atuns, dos quais o Ceará é hoje o maior exportador.
Esta coluna celebra a convergência de ações da Faec e da Fiec em benefício da economia cearense, pondo fim a um divórcio que durou mais de meio século e encerrado com a eleição, há quase dois anos, de Amílcar Silveira para a presidência da Federação da Agricultura e Pecuária.
A nova Faec, cuja atuação inovadora chama a atenção das lideranças nacionais do agro, aliou-se à Fiec nas causas de interesse da indústria e da agropecuária do Ceará, e isto confere às duas entidades – mantidas as características de cada uma – força política ainda maior.