Hoje, sexta-feira, 5 de abril, é um dia histórico para a economia do Ceará. O presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, assinará a Ordem de Serviço para a construção do Ramal do Salgado e visitará em Iguatu os serviços de implantação da Ferrovia Transnordestina, outro empreendimento vital para o processo de desenvolvimento econômico deste estado.
Quando concluída, essa estrada de ferro, que já consumiu mais de R$ 8 bilhões, a maior parte oriunda de fundos públicos de investimento do Nordeste, garantirá cargas do agro, da mineração e da indústria da região nordestina. Serão cargas que, originárias do Piauí, Bahia, Pernambuco e Ceará, se destinarão ao porto do Pecém, cuja administração já lhe reservou espaços onshore e offshore.
Ágil e atenta ao que se passa na economia do Ceará, do Nordeste e do país, a Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) levantou, por meio do seu Observatório da Indústria e por orientação do seu presidente Ricardo Cavalcante, todos os dados socioeconômicos da área de influência da Transnordestina.
São informações impressionantes que orientarão os investidores – nacionais e estrangeiros – no momento de decidir onde, quando e em que investir no Ceará. Eis, a seguir, algumas dessas informações:
Na área de influência da Ferrovia Transnordestina – num raio de até 300 quilômetros – há 1.008 municípios distribuídos pelos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, com uma população de 26,1 milhões de habitantes e cujo PIB é equivalente a R$ 509 bilhões, representando 40,9% do PIB do Nordeste.
Nesses municípios, há 3,5 milhões de pessoas formalmente empregadas.
Na mesma área de influência da Transnordestina, o Valor da Produção Agrícola (VPA) é de R$ 44,5 bilhões, ou 47,7% do VPA da região Nordeste. O Valor da Produção de Origem Animal chega à casa de R$ 11,1 bilhões, o que significa 60,7% da região nordestina.
O rebanho bovino da área de influência da Transnordestina soma 17,4 milhões de cabeças – 52,4% de todo o rebanho do Nordeste.
Em julho do ano passado de 2023, esta coluna informou, com base em nota transmitida pela própria empresa construtora da obra – a Transnordestina Logística S/A (TLSA)– que o projeto desse caminho de ferro “foi dividido em duas fases, sendo a fase 1 de São Miguel do Fidalgo, no estado do Piauí, até o Porto do Pecém, no estado do Ceará, e a fase 2, de São Miguel do Fidalgo até Eliseu Martins, no estado do Piauí”.
A nota conclui assim: “O orçamento total das duas fases é de R$ 7,8 bilhões, sendo R$ 6,3 bilhões para a fase 1 e R$ 1,5 bilhão para a fase 2”.
O projeto original da Transnordestina previa a construção de um trecho ligando Salgueiro (onde começa o trecho que vem para o Pecém) ao Porto de Suape, em Pernambuco. Mas, por meio de um aditivo celebrado com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), aprovado pelo plenário do Tribunal de Contas da União (TCU), desistiu da construção do ramal pernambucano.
Essa decisão causou uma forte reação política no estado de Pernambuco, obrigando o presidente Lula a interferir na questão, tomando uma decisão que acalmou os ânimos no seu estado natal: o governo federal assumirá o custo de construção do ramal Salgueiro-Suape, estimado em cerca de R$ 4,5 bilhões. Será, pois, um empreendimento bancado pelo Orçamento Geral da União.
Resumindo e decifrando os códigos envolvidos no projeto da Ferrovia Transnordestina: o trecho Salgueiro-Suape tem tudo para ser concluído bem antes do trecho Salgueiro-Pecém. Por quê? Porque o próprio presidente Lula e toda a bancada pernambucana no Congresso garantirão os recursos orçamentários para a sua construção.
O trecho Salgueiro-Pecém – previsto para ser concluído em 2027 – seguirá sendo suportado pela TLSA, que, para manter o cronograma da obra, contará com seu próprio capital, mas com as complicadas liberações dos recursos das parcelas dos fundos públicos.
Quem executa as obras de construção da Transnordestina na geografia cearense é a Construtotra Marquise, uma das empresas do Grupo Marquise, que tem sede em Fortaleza.