Para onde vai o governo do presidente Bolsonaro? Eis uma pergunta sem resposta, pelo menos neste momento. Eleito com a promessa de combater a corrupção e de ser liberal na economia - tirando o Estado de áreas onde ele não deve estar - e conservador nos costumes, Bolsonaro pretendeu, no início de sua gestão, com um certo êxito (a reforma da Previdência é uma prova), governar sem maioria no Congresso. Quase dois anos depois, descobriu o que toda a torcida do Flamengo já sabia: essa pretensão é impossível. Agora, tendo só dois anos pela frente, e desejando reeleger-se, Bolsonaro desmente seu próprio discurso. Já desautorizou a privatização da Ceagesp - a Ceasa de São Paulo - e já se aliou ao Centrão e ao seu líder, deputado Artur Lira, seu candidato à presidência da Câmara dos Deputados. Lira foi acusado, em junho deste ano, pela PGR, de haver recebido propina de R$ 1,6 milhão do Grupo Queiroz Galvão. O presidente, o seu temperamento e as suas falas diárias estão, para desespero do ministro Paulo Guedes, causando problemas à administração do País, inclusive na gestão da crise da pandemia. Bolsonaro já se contradisse várias vezes sobre as vacinas contra a Covid-19 e sobre a vacinação - "eu não vou tomar vacina, e ponto final", disse ele, num mau exemplo para crianças, adolescentes, adultos e idosos. Boa parte dos que votaram em Bolsonaro discorda da maioria das posições assumidas por ele. O empresariado, diante das incertezas que o presidente cria e amplia quando fala - e ele fala ao primeiro microfone que lhe aparece -, está sem saber o que fazer, ou seja, se investe agora ou se adia o investimento para quando estiver azul o horizonte. Pelo andar da carruagem da política e pelos sinais que o Supremo Tribunal Federal vem emitindo, dificilmente, ao longo de todo 2021, o horizonte será azulado, a não ser que o Palácio do Planalto consiga emplacar seus candidatos nas presidências das duas casas do Parlamento. Consertar o Brasil é difícil.
Mudança
César Ribeiro, secretário de Assuntos Internacionais do Governo do Ceará, poderá mudar de lugar, mantendo, porém, o status. Uma fonte ligada ao Palácio da Abolição revela que Ribeiro, economista, é o nome que o governador Camilo Santana dispõe para uma eventual mudança no seu primeiro escalão. Ele transita bem no clã dos Ferreira Gomes. A propósito: o secretário do Desenvolvimento Econômico, Maia Júnior, deverá deixar o cargo e cuidar de sua vida privada.
Pague Menos
Deusmar Queirós, controlador do Grupo Pague Menos, está feliz pela boa repercussão que teve sua decisão de tornar sua empresa patrocinadora da Seleção Brasileira de futebol, uma das instituições mais admiradas pelos brasileiros. Os valores do contrato celebrado com a CBF não foram - e provavelmente não serão - revelados.
Consultoria
Em relatório para seus clientes, a BFA Assessoria em Finanças e Negócios, pilotada pelo economista cearense Célio Fernando, revela: o governo estuda a retirada da taxa de capatazia - cobrada pelos portos na movimentação de cargas - da base de cálculo do Imposto de Importação. O argumento técnico é a abertura comercial por meio da redução desse tributo. Segundo a CNI, a taxa de capatazia encarece as importações em 1,5%. A ideia, diz a BFA, é fazer a mudança nas primeiras semanas de 2021. A CNI estima que, com essa providência, o PIB brasileiro será incrementado em R$ 134,5 bi.
Em comunicado dirigido ao mercado e aos acionistas, M. Dias Branco informa: seu Conselho de Administração aprovou a contratação da KPMG Auditores Independentes para a realização dos serviços de auditoria independente de suas demonstrações financeiras e revisão das Informações Trimestrais de 2021, a iniciar a partir do primeiro trimestre.
Para os economistas Carlos Kawall, Gustavo Ribeiro e Leonardo Costa, da Asa Investiments, do Grupo Alberto Joseph Safra, a taxa de juros Selic, atualmente em 2% ao ano, só será elevada em 2021 se houver crescimento robusto da economia, no que eles não creem. Na opinião dos três, esse crescimento será de 2,2%. No 1º trimestre a Selic não se alterará.