Faec e APCC querem indústria de beneficiamento de camarão

Presidentes da Federação da Agriicultura e da Associação dos Produtores de Camarão do Ceará tiveram ontem audiência com o ministro da Pesca, a quem pediram apoio para o projeto

Sem local ainda determinado, vem aí uma indústria de beneficiamento para o camarão produzido pelos pequenos e médios produtores cearenses, reivindicada ontem em Brasília pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Faec), Amílcar Silveira, e pelo presidente da Associação dos Produtores de Camarão do Ceará (APCC), Luiz Paulo Sampaio Henriques, em audiência com o ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula.

Silveira e Henriques entregaram ao ministro um ofício no qual solicitam o apoio financeiro de sua pasta no valor de R$ 10 milhões para a viabilização do empreendimento, que será instalado “em um município estratégico para o desenvolvimento da aquicultura no Estado do Ceará” e administrado por meio de modelo cooperativo.

Da audiência no ministério da Pesca participou, também, o deputado federal Domingos Filho, que tem pessoalmente se empenhado pelas causas do agro cearense junto aos organismos federais.

No documento entregue ao ministro André de Paula, a Faec e a APCC informam que o Ceará, “com estimativas de produção de 65 mil toneladas e receita de R$ 1,3 bilhão”, relativas ao ano passado de 2022, “é o principal produtor de camarão do país, com cerca de 1.786 fazendas distribuídas em 60 municípios, totalizando uma área de produção superior a 13.300 hectares, conforme estatística da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC)”. 

Do total de produtores, aproximadamente 88% são de micro e pequeno portes, a maioria dos quais desenvolvem a atividade sem o devido licenciamento ambiental.

Com a recente publicação da Lei Estadual Nº 18.436, de 25 de julho deste ano, a Faec e a APCC estabeleceram como ação prioritária a promoção de encontros regionais nos polos produtores de camarão para divulgar a Lei e, consequentemente, estimular o licenciamento ambiental. 

Somente 11,7% dos micros e 31,7% dos médios produtores cearenses de camarão têm licença ambiental, revela o documento. 

“Além da questão da regularização ambiental, temos atuado no sentido de incentivar e promover o cooperativismo entre micros e pequenos produtores, e como resultado dessa ação, em março de 2022, foi fundada a Copacam (Cooperativa dos Produtores de Camarão do Ceará) que tem atuado na industrialização, de forma terceirizada, e na comercialização de camarão em vários estados brasileiros. A Copacam foi fundada por 30 micros e pequenos produtores, com uma área de produção superior a 500 hectares e com capacidade de produção mensal de 150 toneladas”, acrescenta o ofício entregue ontem ao ministro da Pesca.

A Faec e a APCC acrescentam, ainda, no ofício:

“Entendemos que é estratégico buscar parcerias no sentido da construção de uma indústria para o beneficiamento de camarão dos micros e pequenos produtores, garantindo estabilidade de preços, incremento de renda e produto de melhor qualidade. Como resultado, a Copacam teria condições de aumentar o número de cooperados, reduzindo a quantidade de camarão ‘in natura’ no mercado, o qual normalmente está associado ao comércio informal, produto de baixa qualidade e sem a devida rastreabilidade, além de preços costumeiramente baixos.”

A indústria de beneficiamento poderá processar, diariamente, até 25 toneladas de camarão e gerar até 200 empregos diretos, diz o documento, que também sugere uma ação conjunta do Ministério da Pesca com o Ministério da Agricultura, no sentido de que seja retomada a exportação de camarão brasileiro para a Europa.