Atenção! Amanhã, sexta-feira, 5, em Iguatu, o presidente Lula, na presença do governador Elmano de Freitas, assinará a Ordem de Serviço para o início das obras do que os empresários do agro e da indústria consideram uma das mais importantes obras hídricas do Ceará: o Ramal do Salgado, um canal a céu aberto que encurtará em 150 km a viagem das águas do rio São Francisco até o açude Castanhão.
Trata-se do último e derradeiro trecho do Projeto de Integração do Rio São Francisco às Bacias do Nordeste Setentrional, cujos serviços tiveram início em 2007, já consumiram mais de R$ 12 bilhões e ainda prosseguirão pelos próximos três anos.
Na construção do Ramal do Salgado, o Governo Federal – por meio do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional – investirá um monte de dinheiro do tamanho de R$ 600 milhões.
Em condições normais – ou, seja, de contas públicas em ordem – esse ramal de 37 quilômetros de extensão poderia ser construído em dois anos, ou menos (no Ceará, o Canal do Trabalhador, com 90 quilômetros de comprimento, foi construído em apenas 90 dias, no ano de 1993, mas essa era uma obra de emergência, o que não é o caso agora).
O Ramal do Salgado deverá ser construído em 36 meses, ou três anos. É muito tempo.
Para os que não sabem do que se trata o Ramal do Salgado, esta coluna explica: ele é, digamos assim, irmão gêmeo do Ramal do Apodi, que avança em boa velocidade da Paraíba para o Rio Grande do Norte – no próximo mês de setembro, serão concluídos os primeiros 30 dos seus 115 quilômetros de extensão.
O Ceará está com sorte, porque o Ramal do Salgado começará exatamente no Km 30 do Ramal do Apodi. Este tem o marco zero no açude Caiçaras, em Cajazeiras (PB), de onde ruma na direção de Pau dos Ferros, na geografia potiguar, e prossegue até desaguar na nascente do rio Apodi, cujo leito passa bem no meio da aconchegante cidade de Mossoró.
O Ramal do Salgado, por sua vez, terá início, como dito acima, no Ramal do Apodi e avançará na direção do município cearense de Lavras da Mangabeira, onde, à montante de sua cidade-sede, ganhará o leito do rio Salgado. Aí, as águas do São Francisco correrão mais 70 quilômetros até entrar no leito do rio Jaguaribe, perenizado pelo Orós, que as conduzirá ao Castanhão, mas antes passando pelas centenárias cidades de Icó e Jaguaribe.
Um pouco de história! Para tornar realidade o projeto do Ramal do Salgado, juntaram-se há pouco mais de dois anos e meio o governo do Ceará (gestão de Camilo Santana), um grupo de empresários da agropecuária cearense e a Federação das Indústrias (Fiec).
Fruto dessa união, em uma semana ficaram prontos, com a ajuda da Secretaria de Recursos Hídricos (era secretário o engenheiro Francisco Teixeira), o projeto básico do empreendimento e uma extensa e pormenorizada Nota Técnica que foram entregues pessoalmente, em Brasília, ao então ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que o encaminhou ao presidente Bolsonaro, de quem recebeu o sinal verde para tocar o empreendimento.
Agora, com o presidente Lula no comando do governo, o Ramal do Salgado tem tudo para sair do sonho para a realidade. Mas, como toda obra pública neste país, a construção do Ramal do Salgado estará sujeita aos atrasos de cronograma causados pela carência de recursos, e tanto isto é verdade que o prazo para a sua construção é excessivo: essa obra hídrica, vale repetir, tem apenas 30 quilômetros.
Em dezembro do ano passado de 2023, houve em Ipaumirim, no Sul cearense, um evento a que compareceram o governador Elmano de Freitas e o ministro Waldez Goes, sucessor de Rogério Marinho, durante o qual foi “celebtrado o contrato de execução da obra do Ramal do Salgado, cuja Ordem de Serviço será assinada amanhã, sexta-feira, 5, em Iguatu, pelo presidente Lula e pelo governador Elmano de Freitas!”, como disse ontem à noite à coluna o secretário Executivo da Secretaria de Recursos Hídricos, engenheiro Ramon Rodrigues.
A construtora Engibrás, dos sócios Marcelo Ayres de Campos e André de Campos Melo – que não tem qualquer ligação com a Galvão Engenharia – executará as obras do Ramal do Salgado.
Mas as obras, efetivamente, só começarão dentro de 30 dias, tempo que será gasto pela empreiteira para instalar o acampamento e mobilizar seu conjunto de máquinas, caminhões e equipamentos e seu time de engenheiros e operários.