Dólar acima de R$ 5,20 (há um mês, a moeda norte-americana era cotada a R$ 4,90); Bolsa de Valores em queda; governo frustrando o mercado ao anunciar que não haverá superávit fiscal antes de 2027; juros dos títulos do Tesouro dos EUA em alta, atraindo para lá os investidores, pressionando a moeda brasileira para baixo; crescentes divergência entre os poderes da República; avanço do crime organizado que já interfere nas licitações do poder público; invasões de terra estimuladas pela insegurança jurídica e pela garantida impunidade. Você, empresário, investiria em um país enfrentando tamanhos problemas?
Esta coluna ouviu três empresários da indústria e da agropecuária do Ceará, colhendo deles as seguintes respostas:
De Rita Grangeiro, agricultura dona – com o marido Fernando – da Fazenda Grangeiro, em Paracuru, onde produz, durante o ano todo, água de coco, em cocos personalizados, se o cliente o desejar, e, também, feijão verde:
“Sim, não só investiria, como estamos investindo em inovação e tecnologia em nossas áreas cultivadas. Nosso grupo acredita no Brasil, na força de sua economia, na capacidade dos seus empresários e, também, na política, pois é por meio dela que, na democracia, se fazem ou deixam de ser feitos os arranjos institucionais.
“Cremos que é muito promissor o futuro da agricultura, da pecuária e da indústria do Ceará. Em todas os setores de atividade da economia primária estadual cearense há um clima de otimismo que é estimulado pelas Federações das Indústrias (Fiec) e da Agricultura (Faec), em parceria estreita com a Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE), e isto nos anima a prosseguir na tarefa de fazer do Ceará um Polo Fruticultor importante, e para isto estamos ampliando nossos investimentos na geografia cearense”.
De Cristiano Maia, industrial do setor de ração animal e agropecuarista – ele é dono da Samaria Rações e da Samaria Camarões e criador de vacas leiteiras e de bois de corte e de cavalos em suas fazendas no Vale do Jaguaribe:
“Nossas empresas continuam ampliando seus investimentos para manter-se na ponta tecnológica e para aumentar a produção e a produtividade na indústria e no campo. As dificuldades de hoje são as mesmas que já vivemos em passado recente. Algumas dessas dificuldades são de caráter estrutural, mas elas serão superadas como o foram as que ficaram para trás. O Congresso Nacional está muito atento à necessidade das reformas, entre as quais a Tributária, cujas propostas complementares já foram encaminhadas à apreciação do Congresso Nacional.
“Entregar-se ao discurso de que a crise é grave e que o momento é de suspender ou cancelar investimentos é e será uma atitude equivocada. Das crises anteriores, saíram muto bem os que, como a nossa empresa, aproveitaram a oportunidade para investir na busca da inovação. Foi durante uma dificuldade como a que estamos a atravessar agora que decidimos investir na carcinicultura, e nossa empresa Samaria Camarões é hoje a maior do país”.
Do agropecuarista Gentil Linhares, cujo grupo Bomar, com sede em Fortaleza, tem negócios crescentes no Maranhão, no Piauí e no Ceará, produzindo, principalmente, soja e camarão:
“No Japão, o mesmo ideograma com que se escreve a palavra crise desenha-se a palavra oportunidade. E este momento de dificuldade financeira e econômica por que passa o país é, com certeza, uma dessas oportunidades que surgem em ambiente de crise.
“Posso informar que, exatamente neste momento, estamos analisando a chance de um novo negócio para o nosso grupo na região Nordeste. Não tenho dúvida de que, mais cedo ou mais tarde, o cenário de dificuldade enfrentado agora pela economia brasileira – parte da qual tem origem na política – será vencido, como o foram as mesmas dificuldades anteriores.
“Os empresários confiamos no governo da União, pois entendemos que ele tem compromissos com o desenvolvimento do país, com a sua economia e com o seu povo trabalhador. Repito, nossas empresas continuarão investindo nos setores em que atuamos”.
Eis aí três depoimentos que, na verdade, são três injeções na veia do otimismo.