Eis aqui uma boa notícia para a agricultura cearense, mais diretamente para o setor de sua fruticultura: o Banco do Nordeste está pronto para financiar a aquisição de drones para uso na pulverização aérea de suas áreas cultivadas.
Esta e outras boas notícias foram transmitidas no Painel do Agro, que abriu o “Cresce Ceará”, evento promovido pelo Sistema Verdes Mares com o apoio do BNB e da Enel Ceará Distribuição no último dia 6, no Gran Marquise, reunindo industriais e agropecuaristas para um debate sobre o passado, o presente e o futuro do agro cearense.
Quem as transmitiu foi Luiz Abel, jovem diretor de Negócios do BNB.
Antes de falar, Luiz Abel ouviu as demandas dos expositores que o antecederam – Luiz Roberto Barcelos (fruticultura), Sérgio Armando Benevides Filho (algodão) e Raimundo Reis (leite).
Para Luiz Barcelos, que é sócio e diretor da Agrícola Famosa, maior produtora e exportadora mundial de melão, com fazendas de produção em Icapuí (CE) e em Mossoró (RN), os financiamentos do BNB para os produtores de melão só atendem a 15% de suas necessidades.
Barcelos disse, ainda, que a fruticultura do melão cresce em ritmo de frevo e crescerá em velocidade ainda maior quando a Itaueira Agropecuária retomar sua produção na geografia do Ceará, o que está previsto para maio do próximo ano.
Rápido no gatilho, Luiz Abel foi direto ao assunto: revelou que o BNB, realmente, enfrentou algumas dificuldades nesse setor, “mas isto já faz algum tempo e nossa presença aqui neste evento é para aprimorar nosso trabalho de fomento do setor agrícola nordestino, com foco na fruticultura”.
E para mostrar que o banco está realinhado com os interesses de quem produz melão e melancia, ele anunciou que uma equipe técnica do BNB empreenderá ação específica no Rio Grande do Norte e no Ceará, onde estão médias e grandes fazendas que produzem essas frutas para os mercados interno e externo.
Quanto ao financiamento para a aquisição de drones, o diretor Luiz Abel foi ainda mais explícito: revelou que o BNB se prepara para apoiar os agricultores nordestinos – os cearenses bem no meio – com uma linha de crédito que está sendo definida.
Os drones são objetos voadores que operam por controle remoto e que podem, com precisão milimétrica, pulverizar as lavouras com defensivos agrícolas. Hoje, essa pulverização é feita por trabalhadores, que carregam nas costas um tanque cheio de agroquímicos, algo que o governador Elmano de Freitas – no seu discurso de abertura do “Cresce Ceará” – considerou “inadmissível em pleno Século XXI”.
A tecnologia do uso dos drones avançou nos últimos anos e, hoje, ela não só ampliou a sua capacidade de carga, como ainda tornou mais precisa a sua operação, reduzindo a praticamente zero a possibilidade de agressão ao meio ambiente.
Os drones já são intensamente utilizados pelos agricultores dos grandes estados produtores de grãos, frutas e fibras como Mato Grosso, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Bahia.
O único – dos 27 estados – que proíbe a pulverização aérea – de qualquer espécie, ou seja, com avião ou drone – é o Ceará. Mas essa proibição deverá ser extinta ainda neste mês de dezembro, se e quando a Assembleia Legislativa aprovar proposta nesse sentido em tramitação naquela casa legislativa.
Com o uso de drones, o custo de produzir na agricultura do Ceará terá uma redução de 30%, segundo estimam fontes desta coluna. Além disso, o que é mais importante, será dispensada a mão de obra humana numa tarefa que – embora inadmissível, como diz o governador Elmano de Freitas – ainda é, lamentavelmente, praticada neste estado, com incrível e lamentável exclusividade nacional.
O “Cresce Ceará” foi um evento que reuniu empresários da indústria e do agro, e o que ele tornou público – além, naturalmente, do olhar crítico de quem trabalha e produz no campo – foram as virtudes e conquistas dessas duas importantes atividades da economia estadual cearense.
A indústria cearense expandiu-se e tem pela frente, agora, o desafio de instalar e operar o Hub do Hidrogênio Verde do Pecém, com investimentos privados superiores as R$ 100 bilhões.
Por sua vez, a agropecuária do Ceará é, hoje, um centro de excelência com tecnologia biogenética aplicada em seus vários ramos, incluindo o da hortifruticultura e o da pecuária bovina, ovina e bubalina.
Resumindo: o agro do Ceará já percorre os caminhos do futuro.