Ontem, a Bolsa de Valores brasileira B3 fechou em nova queda. Ela recuou 1,72%, fechando aos 110.140 pontos. O dólar, por sua vez, caiu 0,30%, encerrando o dia cotado a R$ 5,04.
Foi um pregão na contramão do que se registrou nas bolsas dos Estados Unidos na quinta-feira: elas subiram incentivadas pela decisão que na véspera tomou o Federal Reserve, que aumentou em apenas 0,25% a taxa de juros da economia norte-americana.
Aqui no Brasil, aconteceu o contrário. Os investidores não gostaram do comunicado divulgado pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, que manteve a taxa de juros Selic em 13,75%, o que já era esperado.
O texto do comunicado diz que a Selic permanecerá por um tempo mais longo no atual patamar, tendo em vista as incertezas com a política fiscal do governo do presidente Lula, que ontem voltou a falar sobre temas da economia, deixando o mercado outra vez de orelha em pé.
Lula, mais uma vez, fez crítica à independência do Banco Central, dizendo que, durante os seus dois primeiros governos, o então presidente do Banco Central, Henrique Meireles, teve toda a independência para conduzir a política monetária do país, e isso deu certo porque, na opinião dele, o Brasil cresceu e o povo melhorou de vida.
Ele questionou se, hoje, o Brasil está crescendo com o Banco Central independente. Ele mesmo respondeu, afirmando: “Não está. Então para que serve essa independência?”
As palavras de Lula ajudaram a queda da Bolsa. O mercado é francamente a favor da independência do Banco Central, que, por Lei, é o responsável pela política monetária do país, ou seja, pela defesa da moeda nacional, incluindo a fixação da taxa de juros básica da economia e as metas de inflação, algo que o presidente Lula quer mudar, e isto significa interferência do governo na política econômica.
Enquanto isso, há novos capítulos da novela em que se transformou o escândalo da Americanas. Suas ações, que haviam subido nos últimos pregões, desabaram de novo e fecharam ontem cotadas a R$ 1,68, uma queda de 19,6%.
No dia 11 de janeiro, isto é, há menos de um mês, quando estourou a notícia da descoberta de um rombo de R$ 20 bilhões nas contas da Americanas, suas ações eram negociadas a R$ 12. Mas, no dia 12 de janeiro, revelou-se que o rombo era maior, de R$ 40 bilhões, e aí os papeis da empresa viraram pó, chegando a valor apenas R$ 0,77.
A propósito: ontem, o próprio presidente Lula disse que o que aconteceu na Americanas não foi uma pedalada, mas uma motociata e fez críticas duras ao empresário bilionário Jorge Paulo Lemann, que, de acordo com o presidente, chegou a financiar jovens brasileiros para estudar em Harvard com a intenção de formar um novo governo.
E as ações da operadora Oi estão virando fumaça. Ontem, elas fecharam cotadas a R$ 1,61 como consequência de um comunicado que a própria empresa divulgou, admitindo que entrará na Justiça com um novo pedido de Recuperação Judicial.
A Oi tem uma dívida de R$ 29 bilhões, sendo que R$ 2 bilhões vencerão no próximo domingo, depois de amanhã, dia 5. No mesmo comunicado em que anuncia o pedido de liminar feito à Justiça do Rio de Janeiro para protegê-la dos credores, a empresa também disse que não tem dinheiro para honrar esse compromisso que vencerá dentro de 48 horas.
Ontem, foram divulgados os balanços de algumas grandes empresas norte-americanas. O da Amazon, gigante do comércio eletrônico com uma grande Central de Distribuição aqui em Fortaleza, mostrou um lucro líquido de apenas US$ 278 milhões no quarto trimestre do ano passado, um resultado 99,8% menor do que o lucro obtido no mesmo período de 2021.
A Apple, que fabrica os famosos iPhone, obteve, por sua vez, um lucro de US$ 30 bilhões, resultado 13,4% menor do que o registrado no mesmo período do ano anterior.
E a Alphabet, dona do Google, teve, no quarto trimestre de 2022, um lucro de US$ 13,6 bilhões, uma queda de 34% se comparado com o lucro de US$ 20,6 bilhões obtido no mesmo trimestre de 2021. Mas a receita da empresa, de outubro a dezembro do ano ´passado, alcançou UIS$ 76 bilhões.
Deve ser lembtrado que essas gigantes da tecnologia mundial estão, desde janeiro, demitindo pessoal. Estima-se em 40 mil o número de pessoas que estão perdendo o emprego nessas empresas.