Certamente, é o mais famoso de todos os cometas, tendo sido já observado por diversas civilizações antigas na China, Babilônia e Europa medieval. Registros arqueológicos datam que o Halley é notado desde 240 a.C.
Os registros mais confiáveis foram feitos por um astrônomo humanista alemão, Petrus Apianus em 1531. Depois outro astrônomo, acredito que mais conhecido entre meus leitores, Johannes Kepler registrou um cometa em 1607.
Eles não sabiam que se tratava do mesmo corpo celeste. Mas Edmond Halley (1656 – 1742) também observou o astro em 1682 e hipotetizou que se tratava do mesmo cometa de Apianus e Kepler. Então ele calculou e previu a passagem seguinte.
Dizem que ele fez uso da famosa teoria da gravitação de Newton para calcular a passagem do cometa, mas vamos fazer um cálculo mais simples. De 1531 a 1607, se passaram 76 anos. Não exatamente, porque não foi no mesmo dia do ano. Se ele passa a cada 76 anos, então é fácil vermos que ele passaria novamente em 1682 ou 1683. E passou em 1682.
A partir desta data, acrescentando os 76 anos, chegamos ao ano de 1758. Perceba que o astrônomo Edmond Halley faleceu em 1742 e não viu sua previsão se confirmar. Contudo, o cometa apareceu na data calculada e por isso recebe o nome do famoso astrônomo inglês.
A última aparição foi em 1985/1986. Eu estava nascendo em 5 de dezembro de 1985, quando o cometa começava a ficar visível por meio de uso de telescópios. O Halley estava bem perto do centro de coordenadas astronômicas na constelação de peixes.
Eu fiquei sabendo da coincidência ao folhear um livro do famoso astrônomo cearense Rubens de Azevedo. O livro está guardado no observatório Astronômico Otto de Alencar da Universidade Estadual do Ceará (Uece). O título se chama “O cometa de Halley”. Naquela época se fazia uso da proposição “de”, hoje não se usa mais e chamamos carinhosamente de Cometa Halley.
Houve muita expectativa na última passagem do Halley, as pessoas esperavam algo muito fora da curva. Porém, para os astrônomos, o astro não decepcionou. Foi graças a última visita que temos as as melhores imagens e, pela primeira vez, uma sonda foi enviada para estudar um cometa.
Neste mês de dezembro, o famoso cometa começou sua jornada de volta ao Sol. Ele se encontra no afélio (ponto mais distante do Sol) a 5,2 bilhões de quilômetros de distância. O cometa está na metade do seu ciclo de 38 anos. A idade que tenho agora. Isso corresponde, aproximadamente, a metade da expectativa de vida do brasileiro em 2023 que é de 75,5 anos.
Perceba que a órbita do cometa é muito mais alongada do que as órbitas dos planetas. Como esse foi o primeiro cometa a ser classificado com periódico, ele recebe a designação 1P (1 de primeiro e P de periódico).
Em seu retorno, ele atravessará as órbitas de Plutão (que não é mais planeta), Netuno, Urano, Saturno, Júpiter, Marte, Terra, Vênus e Mercúrio até se aproximar do Sol em 2061. Não percam essa oportunidade. Nos vemos até lá.