Uma pesquisa realizada pela Elliott Scott HR Brasil, pioneira no recrutamento especializado em talentos de RH no país, no período entre maio e junho de 2023, ouviu mais de mil mulheres para investigar os principais desafios enfrentados por elas para conciliar maternidade e carreira. O estudo indica que 69% das profissionais acreditam que a carreira pode ser prejudicada quando viram mães. Será?
Em um mundo cada vez mais dinâmico e inclusivo, as mulheres têm desbravado caminhos desafiadores, equilibrando suas carreiras profissionais, a dupla, às vezes tripla, jornada de trabalho com o papel fundamental da maternidade. Essa jornada, muitas vezes, é marcada por obstáculos, mas também por conquistas inspiradoras. Muitas escolhem o caminho do empreendedorismo e criam negócios de sucesso.
Mas vem uma pergunta que não quer calar: existe um abismo entre a realidade da maternidade e o mundo corporativo? Acredito que sim!
As empresas estão mais sensíveis a essa questão, mas é certo que muitas ainda olham as mulheres que desejam ser mãe como um “problema” que precisa ser administrado. No estudo realizado pela Elliott Scott HR Brasil, 39% das entrevistadas afirmaram que já perderam alguma oportunidade de trabalho por estarem grávidas, desejarem ser mãe ou após o retorno da licença maternidade. Um terço acredita que quem opta por construir uma família tem menos chances no mercado de trabalho.
A dualidade entre carreira e maternidade é uma realidade que muitas mulheres enfrentam atualmente. Além do conflito que envolve organizações que ainda têm práticas pouco empáticas sobre o assunto, a mulher sofre com os dilemas internos por se ver compelida a “escolher” o nível de dedicação que deve doar à carreira e à maternidade. Se a dedicação for mais forte à carreira, pode ser vista como uma mãe descuidada. Se escolhe dedicar-se mais à maternidade, ao retornar ao mercado de trabalho, é questionada porque ficou fora do mundo corporativo tanto tempo. Existe uma fórmula matemática que resolva essa equação? Acho que não...
O que as empresas podem fazer?
As empresas modernas têm reconhecido a importância de políticas inclusivas, tais como: revisão dos processos seletivos; flexibilidade de horário; licença maternidade estendida; subsídios para auxílio creche/escola ou creches integradas à empresa; salas de amamentação etc. Levando em consideração a ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança), pensar nessas estratégias ajuda as empresas a se manterem competitivas e a fortalecerem a sua marca empregadora.
É importante, também, que os líderes criem um ambiente seguro psicologicamente e se comuniquem com transparência e empatia com suas lideradas. Quando isso acontece, a mulher se sente mais segura para compartilhar os seus planos e contribuir para uma transição equilibrada, unindo organização da carreira ao próximo passo rumo à maternidade. Líderes precisam rever as políticas de acolhimento, reforçar o enfrentamento ao preconceito, em todas as instâncias, a começar por ele.
E a mulher? Por onde começar?
O primeiro passo é desconstruir a ideia de que ser mãe compromete a ascensão profissional. Ao contrário disso, as experiências vividas na maternidade fortalecem as mulheres, proporcionando uma perspectiva única que pode ser um diferencial no ambiente de trabalho. Incentivar ambientes de trabalho inclusivos e políticas que promovam a igualdade de oportunidades é fundamental para que as mulheres possam trilhar suas carreiras com sucesso, sem abrir mão, claro, da maternidade.
Nessa jornada desafiadora, as histórias de mulheres que superaram barreiras, conquistaram posições de destaque e são mães exemplares inspiram não apenas outras mulheres, mas também toda uma sociedade. Convido você, leitora da coluna, a incluir nos comentários a sua experiência como mãe e profissional.
Mulheres têm se destacado em suas carreiras, desafiando estereótipos e mostrando que a maternidade não é um obstáculo, mas sim um catalisador para o crescimento pessoal e profissional. Por outro lado, a maternidade traz consigo habilidades únicas, como a capacidade de multitarefa, empatia e gestão eficiente de situações sob pressão, características valiosas no mundo corporativo e que as mulheres “tiram de letra”.
É fato que, pensando em um mundo ideal, todos seriam responsáveis pela criação dos filhos, o que aliviaria a carga sobre a mulher. Porém, além da autocobrança, que é algo a ser administrado principalmente pelas mães de primeira viagem, há a competitividade organizacional, o que pesa demais em algumas tomadas de decisão.
Elenquei algumas dicas que serão úteis para conciliar maternidade e carreira. São elas:
1. Não se culpe! Não seja tão rigorosa e cruel consigo mesma
Só estarei presente na vida do meu filho se me dedicar 100% do tempo? Nem sempre! Mas é comum nos culparmos por isso. Em vez de quantificar, vamos qualificar. Afinal, não adianta estar de corpo presente e de alma ausente.
Se você decidiu que vai dar pausa na carreira profissional para se dedicar à criação dos filhos, não há problema nenhum, desde que sua decisão seja realmente essa e não para dar satisfações ao modelo “politicamente correto” que muitas pessoas impõem. Refletir sobre o porquê é um passo importante.
Já atendi mulheres que hoje se arrependem por ter cedido à pressão dos familiares, e em especial à dos maridos. Hoje sentem dificuldade de se reconectar com o que realmente desejam de suas vidas e carreiras. Por outro lado, conheço mulheres super bem resolvidas. Que tomaram essa decisão de forma muito consciente e que hoje vivem sem peso e sem culpa. Qual o melhor modelo? Não existe! A melhor alternativa é aquela em que os principais atores conseguem ponderar e decidir conscientemente.
2. Crie uma rede de apoio
Uma rede de apoio composta por pessoas ou instituições pode ajudar a diminuir a sobrecarga e aumentar as chances de conciliar a vida pessoal e profissional. Uma escola de período integral, uma profissional para atuar como babá, amigos e familiares podem ser alternativas para uma conciliação sem sobrecarga.
3. Pesquise um pouco mais sobre a cultura da empresa
Escolha empresas que promovem a diversidade, normalmente elas entendem melhor a importância de acolher as mulheres nesse momento e, certamente, promovem ações que buscam diminuir essa desigualdade desde os processos seletivos.
4. Opte por trabalhos com horários mais flexíveis
O trabalho híbrido (incluir link do post da coluna que fala sobre isso) pode ser uma alternativa maravilhosa para quem tem filhos. Esse modelo de trabalho oferece flexibilidade de horários, redução de estresse e economia para os pais, pois os gastos com deslocamento e manutenção do transporte diminuem.
5. Reflita sobre a possibilidade de empreender
No dia 19 de novembro é comemorado mundialmente o Dia do Empreendedorismo Feminino, data criada em 2014 pela Organização das Nações Unidas (ONU). Essa data incentiva e celebra o protagonismo das mulheres à frente de seus negócios. É fato que muitas empreendem depois da maternidade pelo pouco acolhimento do mercado de trabalho. Mas conheço mulheres “imparáveis”, que transformaram esse obstáculo em oportunidade e criaram negócios que inspiram outras mulheres na mesma situação.
Lembre-se:
"Você pode não controlar os eventos que acontecem com você, mas você pode decidir não se deixar rebaixar por eles." Maya Angelou
Nesta coluna, trarei para você assuntos relacionados a carreira, liderança, coaching e tendências sobre os assuntos. Contribua deixando sua pergunta ou sugerindo um tema de sua preferência, comentando este post ou enviando mensagem para o meu instagram: @delaniasantoscoach
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Será maravilhoso ter você comigo nesta jornada. Até a próxima!
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.