O clima era de festa muito antes da bola rolar. Ainda era fim de tarde quando os caminhos de acesso ao Castelão já se vestiam de vermelho, azul e branco. Com horas de antecedência ao início da partida, já era possível sentir a animação dos torcedores do Fortaleza para o duelo contra o Independiente. Parecia que já havia ali o pressentimento de que todos estavam prestes a viver uma noite épica e que entraria de vez para a história do futebol cearense. O que de fato aconteceu, mas com um desfecho longe do ideal.
Havia tensão. O respeito ao adversário era grande, mas não maior que a motivação leonina. A confiança era na remontada. Os mais de 52 mil torcedores acreditavam que a boa atuação em Avellaneda seria repetida e o time conseguiria, em campo, ter a mesma intensidade das arquibancadas, que foi extremamente pulsante.
Com mosaico, bandeiras e canto forte os 90 minutos, a torcida leonina fez uma festa inesquecível na primeira partida oficial do clube em uma competição internacional disputada em solo alencarino.
Daquelas que ficarão na memória de todos os presentes e também nos feitos da torcida de leais que acompanha fielmente o clube há 101 anos.
E que foi regida também por uma bateria afinada, que no embalo de carnaval, guiava as celebrações tricolores.
As explosões de êxtase vieram com os gols de Juninho, no primeiro tempo, após cobrança perfeita de pênalti, e de Marlon, na etapa final, em seu primeiro toque na bola.
A redenção de um atleta tão criticado em um momento tão decisivo parecia ser a cereja no bolo de um roteiro de cinema, que se desenhava após uma atuação segura, sólida e organizada do time em campo.
A atmosfera criada era absurda. A torcida jogou junto e criou o ambiente pedido pelo treinador Rogério Ceni, de pressão e apoio o tempo inteiro. Só que o próprio treinador já havia avisado que a atenção também deveria existir até o último minuto. E um momento de desatenção, aos 47 minutos do 2º tempo foi o suficiente para o time argentino diminuir e garantir a vaga.
Bastou um lance para que o êxtase virasse perplexidade. O olhar vazio e incompreensivo tomou o rosto de todos os leoninos no Castelão. Ninguém acreditava que o time que foi superior nos 180 minutos e estava tão perto de um feito histórico, de avançar para a 2ª fase da Copa Sul-Americana em sua primeira participação internacional, seria eliminado de forma tão cruel e injusta.
Sim, injusta, já que o Fortaleza foi quem mais produziu e mereceu a vaga. Mas o futebol não é feito de justiça. Nunca foi.
Mesmo assim, ao apito final, fortes aplausos. Era a forma de reconhecimento dos torcedores ao time que lutou e esteve perto de fazer história de forma épica.
A festa leonina esteve perto de ser completa. E mesmo sendo frustada em uma das maneiras mais cruéis possíveis, não diminui a grandeza do time que foi combativo, aguerrido, vibrante e forte, fazendo valer em campo a história Tricolor.