Bastidores que poucos viram num estádio esvaziado em Ceará x Sport

Foi possível notar o comportamento de alguns personagens que estiveram na Arena Castelão. Robinson de Castro, presidente do Ceará, foi um deles

Fui um dos poucos presentes na Arena Castelão para acompanhar a vitória do Ceará por 2 a 1 sobre o Sport, neste domingo (15).

A experiência foi diferente. Foi o primeiro jogo que cobri no Castelão sem a presença de torcedores (já havia feito no PV).

Logo na chegada ao estádio, já era possível sentir que o clima estava longe daquele visto num tradicional domingo de futebol. A ausência da torcida tirou um pouco do clima decisivo do jogo.

Poucos torcedores até compareceram, mas não passaram dos portões.

A esmagadora maioria dos presentes no interior do Castelão esteve lá para trabalhar. Policiais, seguranças, funcionários da Arena e jornalistas, majoritariamente. 

Internamente, o silêncio atípico em dia de jogo reinava. A estrutura estava montada para que o evento fosse realizado normalmente. Havia stands para atendimento aos sócios-torcedores, espaço para banda que seria atração antes da bola rolar e os bares estavam montados - mas vazios.

Mas havia também quem foi lá para torcer. Sim, para torcer. Num dos camarotes da Arena Castelão, estavam jogadores não relacionados para o jogo e outros membros do Ceará. O volante Charles, o zagueiro Gabriel Lacerda e o atacante Cléber foram alguns dos presentes. Noutro camarote, alguns diretores alvinegros.

Os pernambucanos também estavam presentes. No outro lado, funcionários e diretores do Sport, que vieram de Recife, acompanharam o jogo em outro camarote.

Mesmo em número reduzido, os dois lados foram ativos. “Foi falta, juiz!”, “cadê o amarelo, p#$*@?” e “tem que chutar no gol, c&@%*” eram alguns dos comuns gritos que ecoavam dos camarotes ao campo.

Nas quatro linhas, enorme gritaria dos jogadores. Deu pra renovar o repertório de palavrões.

Um dos que mais chamou atenção foi o presidente do Ceará, Robinson de Castro, que assistiu ao jogo no Setor Premium, acompanhado de outros membros da diretoria e do executivo de futebol, Jorge Macedo.

Como um legítimo torcedor, Robinson fugiu até do seu comportamento mais comedido. Gritou, xingou, comemorou muito os dois gols marcados, mostrou incompreensão quando Felipe Silva foi cobrar o pênalti, ficou chateado com o desperdício da penalidade, aliviado quando Hernane cobrou pênalti na trave, puxou os aplausos para Leandro Carvalho quando foi substituído e ficou rouco.

“Foi a primeira vez que assisti um jogo na premium. A situação me permitiu que eu fizesse papel de torcedor hoje. Xinguei árbitro, dei força ao time...e deu pra ouvir todo o jogo pelo silêncio do estádio. Até o que eles estavam falando dentro de campo, o que os treinadores falaram. Foi uma experiência bacana”, me revelou ele após o jogo, feliz pela vitória.

Ao fim da partida, Rafael Sóbis foi questionar a arbitragem pela expulsão. Deixou o campo sem entender o motivo do vermelho e indignado por desfalcar o time no jogo decisivo contra o CRB.

Na saída do estádio, todos os jogadores do Ceará foram embora com muita tranquilidade. Encontrei Cléber e perguntei se já estava pronto para estrear. "Tô no ponto, já", respondeu sorridente.