Masturbação Infantil: como orientar as crianças? Quando isso se torna um problema?

Falar sobre esse tema ainda é um tabu, e muitos pais não sabem o que fazer. Calma, se sua criança está se tocando, não se assuste. A masturbação infantil é algo natural, que faz parte da descoberta e do desenvolvimento infantil. Logo após o desfralde, ainda na idade pré escolar, as crianças estão descobrindo seu corpinho.

Nesse momento, elas aprendem a controlar os esfíncteres (controle do xixi e cocô), e junto com esse processo, algumas crianças, começam a explorar suas partes íntimas, podendo sentir naturalmente sensações de prazer.

Porém, precisamos desassociar e diferenciar essas descobertas infantis, da erotização, do cunho sexual dos adultos. Esse olhar é o que faz com que os adultos encarem a situação como algo sujo, feio, errado e ao invés de orientar os filhos acabam reprimindo e se distanciando.

A criança está experimentando sensações corporais, está se descobrindo, assim como descobre a mão, o pé, descobre a genitália também. E o papel dos adultos é redirecionar, orientar, conversar, acompanhar a criança e não julgar ou punir. A forma com que o adulto lidar com a situação é fundamental para orientar a criança de maneira adequada.

Ficar envergonhado, ou agir de maneira agressiva com a criança, tem um impacto direto nos sentimentos e comportamentos dos pequenos e pode deixar marcas negativas, como sentimentos de culpa, memórias negativas, inseguranças, ansiedade ou compulsões em relação a vida sexual na adolescência e vida adulta.

E como orientar as crianças?

Tudo dependerá da idade e da maturidade da criança.Se for muito pequena, por volta de 3 anos, e se você observar momentos pontuais em que a criança se toca. A melhor conduta é agir de forma natural e apenas redirecionar o foco, oferendo outras atividades para ocupar a criança, como brincar, desenhar.

Já se a criança for um pouco maior, é importante orientá-la sobre privacidade e normas sociais. Devemos deixar claro que comportamentos relacionados a masturbação, não devem ser feitos em locais públicos ou na frente de outras pessoas. É importante pontuar com a criança que ninguém pode tocar nas suas partes íntimas.

Aqui destaco a importância de ter uma comunicação aberta com os filhos. De modo que sintam-se à vontade para conversar e fazer perguntas sobre o corpo e sexualidade. Existem recursos infantis, como livrinhos, que podem facilitar nessa educação sobre intimidade e sexualidade com os pequenos.

Quando a masturbação é considerada um problema?

Devemos observar e ficar atentos quando o ato de manipular a genitália é algo natural ou quando a criança busca a masturbação para resolver uma angústia. Em alguns casos, o ato pode ser sinalizador de alguma frustração, ansiedade ou alguma experiência negativa que o pequeno passou. Pode acontecer também da criança ter sido exposta a conteúdos pornográficos ou até mesmo sofrido algum tipo de abuso.

Porém, quando esse comportamento é reflexo de algum sofrimento, se manifesta de maneira mais intensa, com maior frequência e de forma mais elaborada. O toque já não é apenas de forma exploratória, natural, muitas vezes se torna excessivo e compulsivo. Nesses casos, é imprescindível a avaliação e acompanhamento profissional.

Desconsiderando esses casos onde há um sofrimento a ser investigado, de uma maneira geral, é essencial que os pais e cuidadores aprendam a naturalizar a masturbação infantil e compreendam que não está relacionada a questões de moralidade ou sexualidade adulta.

Não devemos estimular, mas também não devemos proibir ou reprimir, pois o comportamento pode se acentuar, além de gerar angústias para a criança.

Ademais, é importante pontuar, que essa libido não se trata apenas de energia sexual, mas faz parte do desenvolvimento da nossa psique. À medida que a pessoa vai se desenvolvendo, essa libido se transforma em prazer, pulsão e energia ativa para outras áreas da vida, como projetos e trabalhos.

Se quando criança, há uma repressão dessa conexão consigo mesma, possivelmente no futuro, haverá também dificuldades ou desconexão em outras esferas da vida. Portanto, é essencial manter um equilíbrio para lidar com esse assunto com os pequenos.

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora