Segundo Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em 2022, a parcela de famílias com dívidas, em atraso ou não, ficou em 78,9%. As famílias inadimplentes, ou seja, com dívidas em atraso, somavam 30,3% e já as famílias que não terão condições de pagar suas contas chegaram a 10,9%.
Estes dados comprovam a recorrência do endividamento das famílias brasileiras, sempre reflexo da situação econômica do país e de suas decisões de consumo.
Quando falamos de endividamento, no entanto, cabem algumas considerações. Dívida, conceitualmente, significa ter contas a pagar, obrigação de pagar algo a alguém, estando em atraso ou não, o que significa que todos temos dívidas.
Dívidas x inadimplência
Dívidas em atraso ou inadimplência é que se tornam o problema do endividamento real e crescente, onde se enquadram 30% das famílias no Brasil. Precisamos, portanto, entender como surgem tais dívidas e como fazer para resolvermos esse pesadelo que assombra diariamente quem se encontra nesta situação.
Diversas são as causas das dívidas. Elas podem ser imprevisíveis ou comportamentais. Vou explicar melhor. Imprevisíveis são aqueles gastos que surgem por fatos não controlados por você. Poderia citar como exemplo: a demissão de um emprego; casos de doença; perda de bens por inundação, entre outras. Como não conseguimos controlá-las, nos pegam de surpresa e muitas vezes levam nossas reservas ou agravam nossas finanças pessoais.
Já as dívidas, que chamo de comportamentais, surgem quando compramos bens ou serviços sem ter em mente nossa situação financeira, sem pensar, sem planejar. Decidimos comprar um bem, por exemplo, mas analisamos apenas se conseguimos pagar o valor da parcela, se ela cabe no nosso bolso, sem querer saber qual valor de juros estou pagando, se conseguiria pagar a vista e por aí vai nosso pensamento.
Não estou dizendo para não comprarmos o que queremos, apenas precisamos ter em mente o quanto podemos pagar, de fato e assumir este controle financeiro.
A importância da Educação Financeira
Por isso reforçamos, aqui, a importância da Educação Financeira. A Educação Financeira não consiste apenas em aprender a economizar, cortar gastos, poupar e acumular dinheiro. É muito mais que isso. É buscar uma melhor qualidade de vida para hoje e para o futuro, proporcionando a segurança material necessária para aproveitar os prazeres da vida e, ao mesmo tempo, obter uma garantia para eventuais imprevistos.
Certo. Mas como podemos sair deste ciclo? Além de conhecermos as causas das dívidas, importante reconhecermos os vilões do nosso bolso. E aqui podemos enumerar muitos vilões, como as compras em supermercado; gastos com alimentação; baladas; shopping, etc.
E o cartão de crédito? Será ele um vilão também? Esse assunto vai render bastante. Em nossa próxima coluna, falaremos sobre Cartão de Crédito e os vilões do nosso dinheiro. Fiquem atentos.
Ana Alves é economista, consultora, professora e palestrante.
Instagram: @anima.consult
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.