A inflação pode ser combatida por diversos instrumentos econômicos, como depósitos compulsórios, operações de redesconto, mas a taxa Selic, é aquela mais utilizada como instrumento de política monetária para conter a subida dos preços.
No final da tarde de amanhã (22), após o fechamento do mercado, deverá ser anunciada a nova taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que vislumbro ser anunciada em 6,50%, com elevação de 1,25% em relação a atual, 5,25%.
Assim, uma mensagem forte aos agentes econômicos, com elevação da Selic mais robusta, deverá promover ajustes nas expectativas de mercado, arrefecer os componentes inerciais inflacionários e reforçar o objetivo de cumprimento da meta de inflação para 2022, pois este ano já não há mais tempo.
É bom lembrar que no mesmo dia, horas antes do anúncio da Selic, o primo rico do Copom, lá no Estados Unidos, o Federal Open Market Committee (Fomc) irá comunicar a taxa de juros americana e como será o ritmo de estímulos monetários, por meio da compra de ativos.
A elevação dos juros americanos não deve ocorrer, mas caso seja tomada a decisão de redução dos estímulos, se segurem na cadeira, pois o dólar vai subir, e o “antídoto” para este evento cambial adivinha qual é? Elevação da Taxa Selic.
Alta da Selic e os impactos no seu bolso e no fluxo de caixa das empresas
A subida da taxa de juros básica da economia, repercute diretamente nos juros cobrados nos contratos de empréstimos e financiamentos. Ou seja, se vai financiar um veículo, fazer um empréstimo pessoal, ou mesmo um crediário, o custo financeiro vai ser mais alto. Os juros do cartão de crédito, evidentemente, ficarão ainda mais salgados.
O empreendedor também não escapará da alta dos juros, sobretudo em operações voltadas para capital de giro, como na antecipação de cartão de crédito, desconto de duplicatas e conta garantida, que devem ter taxas de juros precificadas para cima, sensibilizando os fluxos de caixas das empresas.
Impactos da Selic nos investimentos
A queda na bolsa nos últimos meses é resultado de uma série de fatores, em que a crise política, discussões sobre o teto de gastos e precatórios; mudanças na tributação dos investimentos; IOF e Auxílio Brasil; crise financeira da Evergrande estão na conta da queda dos ativos. A alta da Taxa Selic, também é mais um “ingrediente”, que coloca a bolsa de valores em cenário ainda mais complexo.
Nos manuais econômicos e de finanças, a alta da taxa de juros de referência da economia, impactam negativamente os produtos de renda variável. Apesar de não sabermos em que medida os juros mais altos impactarão negativamente a bolsa de valores, sobretudo por existir outras variáveis importantes, o que se verifica é uma tendência de baixa na bolsa, como o Ibovespa, índice brasileiro de ações de maior relevância; e no IFIX, principal índice de fundos imobiliários do Brasil.
Desde a última taxa Selic divulgada pelo Copom, em que o ciclo de alta da taxa Selic se intensificou, em 04 de agosto deste ano, o Ibovespa já caiu 11,4%, e o IFIX recuou 3,1%.
O quadro, sem dúvida, está turbulento para a renda variável, pois além das taxas de juros em alta, variáveis fiscais e políticas impactam a performance dos ativos de renda variável. Contudo, não esqueçamos que investimentos em bolsa de valores são para médio e longo prazo.
Por fim, recomendo fortemente a busca de profissionais especializados, de forma a avaliar sua estratégia de investimentos, fundamentada no seu perfil de risco e objetivos financeiros, para ratificar ou realinhar a sua carteira investimentos, pois os próximos meses devem ser de juros ainda em alta e turbulências de mercado estão no horizonte.
(*) o período considerado para análise de performance do Ibovespa e IFIX foi de do encerramento do mercado em 04 de agosto até 15h de 20 de setembro.
Grande abraço e até a próxima semana!
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.