A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, cercada de grande expectativa, especialmente pela pressão política e empresarial, inicia nesta terça (20/06) e se encerra amanhã (21/06) com a divulgação da taxa básica de juros, a Selic.
Atualmente em 13,75%, a Selic tem provocado uma série de efeitos, com impactos sobretudo no mercado de crédito. As taxas praticadas nas operações de crédito não param de subir, e consigo prejudicam o orçamento das famílias e o consumo de bens duráveis, além de trazer dificuldades para o fluxo de caixa das empresas e na realização de investimentos.
ARGUMENTOS PARA REDUÇÃO DA TAXA SELIC
Além dos efeitos econômicos e financeiros adversos, que faz ecoar nos ambientes empresariais o desejo da redução dos juros, existem outros argumentos “pró” redução da Selic.
O processo de desinflação em curso no Brasil, onde o IPCA, até maio, registra 3,94% no acumulado dos últimos doze meses; as medidas fiscais em tratativas, como a reforma tributária em discussão e o novo “arcabouço fiscal” já em vias de aprovação; a apreciação do real perante o dólar; a produção agropecuária recorde; e a queda dos juros futuros, representam um “compêndio” de argumentos para redução da Selic.
PROVÁVEL DECISÃO DO COPOM
Apesar dos argumentos citados acima, a chance de ocorrer a redução da Selic é remota. O Copom, pela sétima vez consecutiva, deve optar pela manutenção da taxa Selic em 13,75% nesta reunião do mês de junho.
A tônica da narrativa, fundamentalmente, deverá estar em dois pontos: núcleo de inflação elevado e expectativas desancoradas.
O núcleo de inflação, também chamado de inflação subjacente, que basicamente desconsidera no cálculo os itens de maior volatilidade, atualmente está em 6,45%*. O Presidente do Bacen, Campos Neto, várias vezes já externou essa preocupação, pois esta medida inflacionária busca fornecer uma informação mais precisa da tendência de preços da economia.
As expectativas desancoradas da inflação em relação à meta podem ser visualizadas no Relatório Focus, que ontem (19/06), estimava que o IPCA, encerre o ano de 2023 em 5,12%, portanto, bem acima da meta de 3,25%, e também acima do teto da inflação, 4,75%.
PERSPECTIVAS FUTURAS PARA A SELIC
Apesar da Selic não sofrer redução nesta reunião, a narrativa da ata do Copom deve apresentar um sentimento mais otimista em relação as reuniões anteriores. Não me surpreenderia o documento, inclusive, já trazer consignado uma possível sinalização da redução dos juros para a reunião de agosto.
A queda da Selic deve mesmo ocorrer a partir das reuniões de agosto, entrando em trajetória descendente nos próximos meses.
Grande abraço e até a próxima semana.
Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.
* Dado de maio/23, no acumulado dos 12 meses do IPCA, relativo ao núcleo médio inflacionário aparado sem suavização, extraído do Sistema Gerenciador de Séries Temporais do Banco Central.