O Produto Interno Bruto – PIB, principal métrica de acompanhamento da atividade econômica, que é a soma dos bens e serviços finais produzidos no território nacional, foi divulgado pelo IBGE os resultados do 3º trimestre do Brasil na última quinta-feira (01/12).
Apesar da Copa do Mundo e das notícias da transição de governo, a divulgação do PIB trouxe alguma ressonância sobre como anda a economia brasileira, que para uns, o quadro geral é positivo, ou seja, está sob a ótica do copo meio cheio, contudo, para outros, a parte vazia se sobressai.
COPO MEIO CHEIO
O PIB do Brasil avançou 0,4% no 3º trimestre de 2022, quando comparado com o trimestre anterior, anotando o quinto crescimento consecutivo na base trimestral e o maior nível da série histórica (26 anos), segundo o IBGE. De julho a setembro de 2022, o PIB brasileiro foi de R$ 2,5 trilhões em valores nominais.
Ainda na parte cheia do copo, os números da economia brasileira divulgados pelo IBGE sinalizam que o PIB está superior em 4,5%, quando se avalia com o período pré-pandemia ( 4º trimestre de 2019.
O terceiro trimestre foi positivo para os setores de Serviços e Indústria, que cresceram 1,1% e 0,8%, respectivamente.
Para o setor de Serviços, que detêm 67,6% de peso econômico no PIB, os destaques do trimestre foram para Informação e comunicação (3,6%), Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%) e Atividades imobiliárias (1,4%), reflexo da volta das atividades presenciais, em função das regras sanitárias de combate à Covid-19.
No setor da Indústria, a atividade de Construção é o destaque do 3º Trimestre, consequência do crescimento de 1,1% nos meses de julho a setembro, quando comparado aos meses de abril a junho.
COPO MEIO VAZIO
Entre os setores, o único a apresentar retração foi a Agropecuária, que recuou 0,9% no trimestre, sobretudo pela redução da produção de cana-de-açúcar e mandioca, que tem importante participação relativa, segundo aponta os dados do IBGE. Vale salientar que em 2022, a queda da produção de soja, em decorrência de problemas climáticos, já impacta negativamente o PIB agropecuário com queda de 1,5%.
A atividade de comércio, terceira maior atividade econômica segundo o IBGE, e termômetro do sentimento da economia, apresentou queda de 0,1% no trimestre, resultado do elevado endividamento das famílias e dos juros nas alturas.
ECONOMIA BRASILEIRA “DESMELHORA”
Em economia, o olhar apenas para o trimestre pode incorrer em algum viés, de maneira que prefiro olhar o copo por inteiro, ou seja, com o olhar mais amplo.
Assim, entre os recortes temporais, prefiro avaliar a dinâmica de crescimento nos últimos 4 trimestres acumulados, enxergando não apenas a “foto” econômica do trimestre, mas sim olhar o “filme” da evolução econômica.
Caro leitor, veja os números do PIB, por trimestre, mas avaliando os resultados no acumulado dos últimos 4 períodos. Avalie cada trimestre como se fosse encerrando um ano (4 trimestres):
PIB – Variação % - Acumulado em Quatro Trimestres – 2021 A 2022
- 3º TRI – 2021 4,3%
- 4º TRI – 2021 5,0%
- 1º TRI – 2022 5,2%
- 2º TRI – 2022 3,2%
- 3º TRI – 2022 3,0%
Fonte: IBGE (2022)
Pelo “filme”, é possível observar que a velocidade de crescimento da atividade econômica atingiu o ápice no 1º trimestre de 2022, em 5,2%, e já por dois trimestres consecutivos, consolidando uma tendência de perda de fôlego, a velocidade de crescimento econômico é cada vez menor: 3,2% no 2º Trimestre e 3,0% no 3º Trimestre de 2022.
É possível concluir, parafraseando um “neologismo econômico” utilizado em 2021, a “despiora”, o momento agora é outro, pois estamos em plena “desmelhora” da economia brasileira.
As previsões econômicas para 2023, sinalizadas no relatório Focus, estima um crescimento econômico na casa de 1%, consequência da política monetária contracionista e da desaceleração global.
Portanto, em termos de PIB, percebo que o copo meio vazio ganhou mais evidência.
O novo governo precisará urgentemente atuar no sentido de catalisar o desenvolvimento econômico do País, principalmente por meio de reformas(administrativa e tributária) e potencializar o fluxo de comércio exterior.
Grande abraço e até a próxima semana!
Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.