Café da manhã “reforçado” com inflação

Nos últimos doze meses, o café da manhã registrou elevação média nos preços de 22,4%

A inflação tem chamado atenção nos últimos meses. A elevação dos preços tem provocado efeitos negativos na dinâmica econômica, seja no poder de compra das famílias, como também afeta a rentabilidade real dos empresários.

Nos últimos 12 meses, segundo o IBGE, a inflação no Brasil medida pelo IPCA chega próximo a 10%, enquanto em Fortaleza, uma das cidades de maior pressão inflacionária, já registra 11,2% de inflação anualizada.

A energia elétrica e o preço dos combustíveis são os emblemas da atual escalada dos preços, que a população sente no bolso e as empresas sofrem nos seus custos de produção e na prestação de serviços.

INFLAÇÃO ESPALHADA

Um ponto importante que nós economistas ficamos preocupados, além da subida dos preços, é com a difusão do processo inflacionário, chamado de espalhamento na alta de preços, onde mais de 70% dos produtos/serviços têm preços em trajetória crescente.

Em Fortaleza, o espalhamento inflacionário está em 84,5% em 2021. Ou seja, 8 em cada 10 itens estão com preços crescentes no ano. Para ser mais exato, entre os 219 produtos e serviços pesquisados pelo IBGE na Região Metropolitana de Fortaleza, 185 apresentam dinâmica de crescimento nos preços neste ano.

Ao analisar a inflação de forma mais detalhada, confesso que tentando encontrar algo alentador, saltou aos olhos uma combinação de produtos com inflação relevante: o café da manhã.

CAFÉ DA MANHÃ INFLACIONADO

A “cesta” do café da manhã, selecionada por este economista, que não possui dotes gastronômicos, mas certamente está presente na nossa mesa no início do dia, é composta por café moído, açúcar refinado, água, pão francês e margarina.

Nos últimos doze meses, o café da manhã, representados pelos itens da cesta sugerida, registrou elevação média nos preços de 22,4%, ou seja, o dobro do índice de inflação em Fortaleza, que é de 11,2%. Sem dúvida, é de assustar o bolso.

Todos os itens do café da manhã estão acima do índice inflacionário de Fortaleza. O açúcar (+28,2%), café (+27,4%) e a margarina (+25,3%) estão entre os três primeiros no avanço dos preços nos últimos doze meses. A inflação do pão francês (+19,1%) e água (+12,2%) estão também elevadas.

Caso queira incrementar a “cesta” do café da manhã com queijo e presunto, a inflação destes produtos é de 14,1% e 12,2%, respectivamente. Bon appétit!

O pior vem agora. Infelizmente, não há “bala de prata” para equacionar esta situação. A subida de preços do nosso café da manhã está fundamentada em diversas variáveis, que passam desde o comportamento dos preços de commodities no mercado internacional, questões climáticas, alta do câmbio e problemas na oferta.

Para escapar dos preços em alta, no caso do café da manhã, é extremamente difícil, mas podemos tentar minimizar os danos. Evitar o desperdício é um passo simples, mas extremamente importante. Outra estratégia é não se restringir ao consumo, por exemplo do café ou açúcar, de uma só marca, pois existem produtos de qualidade similar e preços mais atrativos.

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.