A imaginação é uma das maiores potências do homo sapiens sapiens. Somos capazes de organizar, através da razão e das sensações, lugares e mundos bem diferentes dos quais nos envolvemos. No final do século XVIII, o filósofo prussiano Immanuel Kant defendeu que, além dos sentidos, somos capazes de conhecer graças às noções intelectuais de tempo e de espaço. Em suma, enquadramos nossos devaneios em redes temporais (passado-presente-futuro) e em lugares reais ou ideais.
Inequivocamente, imaginar um mundo melhor é pensar em outras dimensões que carecem de mudanças, que nem sempre são tão evidentes. A Organização das Nações Unidas (ONU) norteou quais seriam as fronteiras para produzirmos um mundo melhor: acabar com a fome e a miséria; oferecer educação básica de qualidade para todos; promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde das gestantes; combater a AIDS, a malária e outras doenças; garantir qualidade de vida e respeito ao meio ambiente e estabelecer parcerias para o desenvolvimento.
Ao mesmo tempo que pensamos em tecnologias e ficção científica, os objetivos da ONU nos lembram dos problemas seculares pelos quais milhões sofrem diariamente.
Sobretudo, em países mais pobres ou onde a riqueza é desigualmente distribuída, inventar um mundo melhor significa repensar, constantemente, a noção de justiça social. Nessa direção, a empatia e as ações coletivas permitem a construção de soluções capazes de respeitar, simultaneamente, o bem comum e considerar as diferenças que marcam cada povo, cada sociedade.
No futuro desejado, a educação é um processo que transforma todos os lugares em escola, e a escola é o templo festivo do aprimoramento do conhecimento. Assim, não serão necessárias hierarquias entre a lógica, a linguagem, a arte e a tecnologia. As culturas clássica e popular serão ensinadas e, da mesma forma, valorizadas todas as formas de conhecimento.
Os avanços médicos serão premiados quando criarem condições de acesso irrestrito aos efeitos positivos de suas descobertas. Neste mundo, nenhuma patente farmacológica valerá mais do que o direito à vida, do que a saúde dos idosos e das crianças, independentemente de onde tenham nascido.
No mundo do amanhã, o pensamento econômico mudará de tal forma a ponto de aprimorar seus cálculos e perceberá que a preservação e cuidado ambiental valem mais a pena que o uso crescente e ilimitado dos minerais e vegetais. A ciência também nos ajudará a compreender ainda mais a essência dos processos naturais e, assim, honrar e cuidar das fontes d’água, das florestas, dos oceanos e de todas as formas de vida.
Para o lugar-tempo vindouro, não esperamos carros voadores ou teletransporte. Pensamos, como primordial, um tempo onde as formas de amor são aceitas pela sua verdade e cuidado mútuo. As restrições baseadas em critérios de raça, de credo ou de gênero estarão registradas nos livros e lembradas, constantemente, como maneira equivocada de pensar o papel de cada sujeito dentro de uma sociedade.
Essa é uma entre as inúmeras possibilidades de pensar o novo mundo. Os tempos pandêmicos tendem a nos levar a um estado de paralisação, tensão e ansiedade. Mas não podemos sucumbir frente à frieza do presente. No mundo que queremos, a tolerância à diferença é um preceito, no entanto, a violência e o desrespeito são intoleráveis! Agora é sua vez: o que podemos mudar para construir um mundo melhor?
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.