Arena Castelão quase teve grama sintética; ideia foi rejeitada pelos clubes

Na última temporada, a pausa de um mês da Copa América evitou danos maiores na qualidade da grama

Um novo gramado foi plantado na Arena Castelão. Após sete anos da primeira adubação, o equipamento recebe manutenção para iniciar o calendário extenso de competições - em 2019, foi o estádio com mais partidas no futebol brasileiro: 73. O volume gera desgaste e levanta a indagação: e se o campo fosse sintético?

A sugestão surgiu de Rogério Pinheiro, atual secretário de esporte e juventude do Estado do Ceará. No início de 2019, quando assumiu pela 1ª vez a pasta, o gestor até indagou as diretorias dos times sobre a possibilidade, mas teve a ideia refutada.

Com vasta experiência de atuação no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Rogério estudou o equipamento, a quantidade de jogos e o clima da região até propor a adesão da grama sintética. No roteiro de planejamento, uma visita a Arena da Baixada, em Curitiba, também foi realizada para mensurar valores e o desempenho.

Após reuniões, um dos principais motivos para a rejeição foi o investimento que os clubes - Ceará e Fortaleza - realizam nos centros de treinamento. Como o objetivo é se aproximar ao máximo da grama da Arena Castelão, uma mudança prejudicaria a preparação dos respectivos elencos.

É fato: o estádio é propriedade do Governo, que pode realizar a mudança quando achar conveniente. A opinião dos times tem peso porque faz parte de um processo de reaproximação, em que o equipamento é administrado de forma conjunta - no dia do evento, a responsabilidade é do mandante cearense, depois retorna ao poder público.

Em si, hoje, a ideia está adormecida. Como o Allianz Parque, estádio do Palmeiras, está migrando para a grama sintética, apenas um novo movimento no cenário nacional poderia resultar na alteração.

O cuidado reside porque a Sejuv compreende a força do Gigante da Boa Vista no fortalecimento do esporte cearense, principalmente com a manutenção de Ceará e Fortaleza na 1ª divisão. O cuidado é tão grande que o próprio secretário acompanhou a maior parte das partidas da Série A em busca de aprimorar os reparos no estádio.

De uma parte alta da cobertura, sozinho, Rogério Pinheiro bateu fotos antes e depois das partidas. Assim, identificava os pontos falhos na grama e cobrava reparo imediato na data seguinte. A rotina, então, é de zelo com o reduto do torcedor cearense.

Na última temporada, a pausa de um mês da Copa América evitou danos maiores na qualidade da grama, que não era a mesma desde a instalação em 2013, durante a Copa das Confederações sediada no país. Esse ano, nada de paralisação para cuidados. É momento de reflexão.