Vacinas e o mundo em pandemia

A vacina como método de profilaxia para doenças infecciosas, carrega consigo uma história de descobertas, de erradicação, mas também, de lutas e revoltas. Constituída de partes ou do próprio agente patogênico atenuado, a vacina induz o corpo a produzir anticorpos e células de memória, os quais, quando em uma segunda exposição ao patógeno específico, já promoverão uma resposta imunológica mais rápida e eficaz, evitando que o corpo adoeça. Esse é o princípio de funcionamento das vacinas, método que foi desenvolvido para o combate ao grande mal da época, a varíola. Doença que devido a um esforço global foi erradicada em 1980.

Mas, quem nunca ouviu falar da Revolta da Vacina de 1904? Ou mesmo, do movimento antivacinação, que cresce no mundo como um todo desde a década de 90 alicerçado por uma sociedade de risco midiatizada? E, ainda, da pandemia do novo coronavírus que encontra negacionistas em todas as esferas da sociedade e incitou uma corrida para a criação de uma vacina em tempo recorde?

Assim, acredito que vivenciamos um momento paradoxal. De um lado, um cenário de descrédito na ciência e uma sociedade da informação que produz conteúdo midiático sem pudor. A partir dessa leitura, o que esperar de um futuro próximo, no qual, alguns grupos que se manifestam contrários às medidas de isolamento frente ao Sars-Cov-2 e que são céticos quanto às vacinas, ganham forças?

Do outro, temos pesquisadores do mundo todo, aliando forças em prol da produção de uma vacina em tempo recorde, sem precedente na história. Mas que, de certo modo, servem a grandes empresas privadas e estas a interesses do mercado. E, nesse jogo, ninguém entra para brincar. Com isso levantamos uma questão: como construir um caminho possível à erradicação da primeira grande pandemia do século XXI?

Nicole Geraldine de Paula Marques Witt

Bióloga