O Brasil ainda tem mais de 45 milhões de pessoas com mais de 16 anos sem contas em bancos, o equivalente a quase cinco vezes a população do Ceará. Essas pessoas sem acesso a vários serviços financeiros serão diretamente afetadas pelo funcionamento do Pix. O novo sistema de pagamento brasileiro entra em vigor em 16 de novembro.
O Banco Central considera que a iniciativa vai alavancar a competitividade e a eficiência do mercado, além de baixar o custo, aumentar a segurança e aprimorar a experiência dos clientes, entre outras características. O fim das taxas para transferência de recursos beneficia diretamente pessoas físicas e empreendedores individuais, que não terão de arcar mais com tarifas de DOC e TED.
Um dos efeitos indiretos do Pix deve ser o impacto sobre a oferta de financiamento. Com a redução da receita de transferências como DOC e TED, os bancos devem buscar compensações e ter mais apetite para concessão de crédito. Se espera que a oportunidade beneficie ainda mais o setor imobiliário, fundamental para a retomada da economia.
Por outros fatores, já temos a menor taxa de juros da história. Essa queda aumentou em 44% o crédito imobiliário de janeiro a agosto de 2020, frente a igual período de 2019, chegando a R$ 51 bilhões disponibilizados, com base nos dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança . Cenário excelente para o mercado da construção civil.
Entretanto, há ainda certas ressalvas sobre o Pix, especialmente quanto à proteção do consumidor que usar o novo sistema de pagamento instantâneo. Com a redução de intermediadores nos processos do meio de pagamento, a quem recorrer em caso de vazamento de dados ou fraudes? Cabe ao Banco Central garantir que eventuais riscos serão mitigados e que, além da inclusão, a segurança dos usuários também está garantida.
Vanderson Aquino
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