O autismo na adolescência

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Os autistas crescem e parecem que somem ou ficam ¨curados¨, esse é o sentimento da maioria das famílias atípicas. Praticamente tudo que envolve o autismo está direcionado às crianças até 12 anos, como as clínicas, poder público, médicos, lazer e o esporte, por exemplo. Os desafios da adolescência são mais complexos e delicados do que os que enfrentamos na infância, não encontramos mais tantos profissionais capacitados para esse grupo e nem políticas públicas voltadas para eles.

A adolescência traz transformações desafiadoras no corpo e também na mente dos autistas. Os hormônios ficam à flor da pele e a sexualidade grita, mas a maioria não entende o que está acontecendo com seu corpo e com os seus sentimentos, o que pode causar alguma crise, comportamentos inadequados, ansiedade ou até depressão.

Ela menstruou, e agora? Ele descobriu o prazer em mexer nos seus órgãos genitais e não sabe a hora e nem o local que pode fazer isso, o que os pais ou responsáveis devem fazer? Eles só falam em namoro, como devo reagir para orientar?

O autismo é uma montanha russa e nessa fase da adolescência chegamos ao topo mais alto dos desafios, mas sem saber como será a descida. Ainda não encontramos na literatura uma ajuda adequada, um norte, uma luz no fim do túnel. Poucas são as famílias que podem pagar um profissional adequado para ter uma orientação de como agir nessa fase tão desafiadora, principalmente para autistas com nível 2 e 3 de suporte.

Mesmo dentro da comunidade autista encontramos quem julgue os familiares por tentarem ensinar seus filhos os comportamentos adequados para viver em sociedade. Mas se isso não for educar, o que será? Como devemos ensinar o certo para nossos filhos mesmo não sendo autistas?

Também não posso deixar de falar que as famílias também precisam de suporte, lidamos diariamente com pais adoecidos física e mentalmente pedindo socorro. O caminho dos autistas e seus familiares ainda tem muitas barreiras a serem vencidas e nós  continuaremos lutando por políticas públicas adequadas para todas as idades, pois o mais importante é que nossos filhos sejam felizes! Seu respeito faz a diferença.

Daniela Botelho é presidente da Associação Fortaleza Azul e mãe de autista