Impasse no relatório da vacina

Há expectativa de que o Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito, sobre a aquisição de vacinas anti-Covid assuma características ruidosas, já que os referenciados como culpados de distorções legais são figuras importantes da vida política e empresarial do País, deixando atônito o Congresso Nacional, diante de algo que ameaça setores partidários relevantes, comprometendo-os com irregularidades mencionadas no texto do relator, senador Renan Calheiros, que se esmerou em apurar desvirtuamentos que atingiram personalidades de evidência no Executivo e nos círculos parlamentares congressuais, em ambas as Casas.

As reações já esboçadas reclamam explicações dos inseridos no abrangente Parecer, o que ensejará uma averiguação mais ampla, de conotação imprevisível, tendo em vista a inclusão de nomes ilustres, que se destacam no primeiro escalão governamental.

O Plenário, chamado à colação, será palco de debates acirrados, que a imprensa se incumbirá de divulgá-los, ampliando, assim, a ressonância de uma temática que se tornou compulsória nas tribunas e nos veículos de comunicação nacional e regionais.

Nesse interregno, entre a leitura e votação, o representante alagoano será instado a expor o âmago das alegações, numa acalorada discussão que exigirá dias para esclarecimentos, entre membros do Senado e da Câmara dos Deputados.

O confronto de oradores pró e contra o libelo acusatório suscitará certamente contestações veementes, antes mesmo que a maioria, em sessão plenária, tenha que decidir, conforme os preceitos regimentais, em datas subsequentes à decisão da CCJ.

Os partidos não se distanciarão dos debates, preocupados em resgatar a honorabilidade de seus integrantes, citados na peça explícita das investigações, elaborada, meticulosamente pelo emedebista, que já foi, inclusive, presidente daquele Poder.

Espera-se, portanto, que o Parlamento venha a dissipar dúvidas remanescentes, em busca de justificativas que tornem convincentes os argumentos de acusação e defesa, dentro do que preconiza a legislação, com ajustes devendo ocorrer nas próximas horas

E se repetirá o adágio nordestino “de que está chegando a hora de cancão pegar adulto...”.

Mauro Benevides é jornalista e senador constituinte

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.