Economia circular e Ecoeficiência

Existe uma brecha na linha do tempo datada de cerca de 3.700 anos, quando os povos sumérios, habitantes do sul da Mesopotâmia, tiveram de migrar devido a produção agrícola salinizar e as terras irrigadas alagarem. Quantas vezes, historicamente, tivemos de nos reconduzir a outros locais em virtude da relação sofrível entre produzir e habitar? Afinal, quanto nos custou a falta de consciência sustentável para viver e produzir coletivamente?

Uma economia socialmente justa, sustentável (política, ambiental e social) e inclusiva define aquilo que conhecemos como economia circular. Esse conceito forte (people, planet and profit) que envolve um pensar global e um agir local dialoga com a ecoeficiência, que significa produzir algo novo a partir de resíduos que iriam para descarte.

Fazendo um paralelo entre economia circular e a indústria criativa, segundo o

Sinditêxtil-SP (2013), o Brasil descarta cerca de 175.000 toneladas ao ano de resíduos têxteis, estimando-se que 90% desse material seja descartado em aterros sanitários ou em locais indevidos, sendo necessária e urgente a condução de ações ecoeficientes e solidárias com as futuras gerações.

Pensar em políticas públicas e iniciativas de apoio a ações que invertam a lógica da produção desenfreada de excedentes é tão necessário quanto pensar sobre bioeconomia, uma economia verde que contempla grandes indústrias e pequeno produtor.

É preciso enxergar no excedente, no resíduo sólido, a possibilidade de transformar a economia local fazendo conexão com a reutilização para gerar renda. O desafio, então, é educar pessoas para enxergar na economia circular ferramentas de ganho, além de promover feiras e espaços solidários que conectem iniciativas sustentáveis, empreendedores criativos e oportunidades de transformação social como a Fenacce.

É frágil, todavia, nossa consciência solidária com as próximas gerações,

mas é de bom alvitre dizer que a passos pequenos evoluímos em nossa jornada pela tomada de consciência sustentável sobre o que produzimos e como transformamos nossos espaços urbanos, sendo interessante refletir sobre como nos conectamos coletivamente a partir do que consumimos.

Nadyegida Barbosa é advogada, coordenadora do Projeto Costurando o Futuro na Prefeitura de Fortaleza e palestrante no Circuito Fenacce