“Da Nata do Lixo, do Luxo da Aldeia”

O público se emocionou ao acompanhar o ídolo cantando “Maresia” e "Terral”

Meu peito já estava repleto de saudade do Carnaval quando recebi um vídeo gravado da Praça da Gentilândia, no Benfica, repleta de foliões aplaudindo o cantor e compositor Ednardo em participação no show da banda “Luxo da Aldeia”. O público se emocionou ao acompanhar o ídolo cantando “Maresia” e "Terral”. Na ocasião, Ednardo fez questão de frisar que enganados estavam quem vê o Ceará sem tradições carnavalescas, lembrando, inclusive, que foi um dos primeiros a fazer marchinhas, frevos e maracatus ainda na década de 1960.

O veterano não se cansa de defender a cultura do estado e de se recriar. Em 2023, recebeu grandes homenagens, realizou shows marcantes além de ter mostrado talentos plásticos e literários em exposição no Museu da Imagem e do Som do Ceará. Para 2024, já anunciou que está na finalização de um DVD que será lançado por todo Brasil ainda neste primeiro semestre. Também será apresentada ao público a nova composição “Ícaro do Teu Sol”, parceria com o grande Ricardo Barcelar. Como multiartista, Ednardo também prepara um livro com o título “Papel, Pele e Pulso”. Claro, o novo projeto só retrata sua cabeça inquieta e sempre à frente de seu tempo e ensinando para todas gerações “cantar parece com não morrer” e isso faz da sua vida ter razão.

Voltando ao Carnaval, agora indo para o alto das serras, longe da agitação, outro mestre da música cearense, Rodger Rogério, foi homenageado no Festival Jazz e Blues de Guaramiranga. Com os recém-completados 80 anos, o compositor tem feito uma série de apresentações e divulgado novos trabalhos, incluindo o Disco-livro “Cinema-Carruagem”, onde interpreta canções inéditas de Rogério Franco e Alan Mendonça. Para os próximos meses, promete agenda cheia e muitas outras celebrações. Ednardo e Rodger não param e ressaltam o que um poeta mineiro já dizia: “sonhos não envelhecem”.

Os novos talentos da nossa terra devem todo dia agradecer por possuírem referenciais tão fascinantes, São ídolos como eles que me fazem exclamar aqui do outro lado do oceano: “Eu sou da nata do lixo, eu sou do luxo da aldeia, eu sou do Ceará”.