Por sua capacidade de mover-se por todas as direções do tabuleiro, a rainha é considerada a peça mais importante do xadrez, capaz de determinar a vitória ou a derrota de um jogador. No planeta Terra, também podemos identificar um fator capaz de definir nosso sucesso enquanto espécie: fora do tabuleiro, a biodiversidade é a rainha.
Não por acaso, neste ano o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) elegeu o tema para as comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente. A data é fixada em 5 de junho, mas as celebrações se estendem pelo mundo durante todo o mês. A ideia enfatiza que “somos completamente dependentes de ecossistemas saudáveis e vibrantes para nossa saúde, água, alimentos, medicamentos, roupas, combustível, abrigo e energia”.
Diante do contexto de mudanças climáticas e dos efeitos da pandemia da Covid-19, precisamos de um olhar mais atento para a nossa relação com todas as formas de vida. Já não passa despercebido o fato de que, ao combater a degradação e incentivar a conservação da natureza e de toda vida que nela habita, fortalece-se uma rede orgânica de cooperação.
Ao pensarmos em atividades econômicas, é impossível ignorar o papel que a biodiversidade exerce sobre cada uma delas, como é o caso do agronegócio. Não é possível desenvolver uma indústria agropecuária sem a diversidade genética, que garante a qualidade do solo e os nutrientes necessários para o crescimento das culturas.
Com a maior diversidade biológica do mundo, e organizações que clamam por políticas de conservação, o Brasil poderia ser referência nessa empreitada. Todas as nações precisam compreender que proteger a biodiversidade é proteger as liberdades individuais e coletivas das pessoas, promovendo a geração de riquezas e a qualidade de vida para a população. Quanto maior a adesão dos governos na construção de políticas públicas que tenham a biodiversidade como peça importante, maiores as nossas chances de vitória.
Malu Nunes
Diretora executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza