Mons. Joaquim de Jesus Dourado (“Muçambê) relata as memórias do Padre Furtado, filho do Cel. Vasco Furtado, dono de um sítio onde, com o passar do tempo, pessoas da região procuravam o coronel para obter remédios e conselhos médicos, devido à sua vasta sabedoria em curas caseiras. Certa feita, um homem aflito procurou o Cel. Vasco Furtado porque seu filho recém-nascido estava com a “cabeça mole”. O coronel prescreveu remédios da farmácia. Contudo, o pai do menino considerou-os caros, razão pela qual optou por uma “terapia” comum na região: um emplastro feito com dejetos de vaca, a ser imposto sob a cabeça do infante; e o famoso “chá-de-pinto”, uma infusão preparada com um pinto de galinha moído no pilão, que deveria ser administrado oralmente. O relato ilustra a precária cobertura de saúde nos rincões do Brasil.
A desigualdade no acesso aos serviços de saúde é uma realidade que afeta principalmente as regiões mais remotas do Brasil, onde a carência de médicos e especialistas compromete a qualidade de vida das populações. Nesse contexto, a ampliação de cursos na área da saúde surge como uma solução estratégica para reduzir essas disparidades, promovendo uma distribuição mais equitativa de profissionais e serviços.
No Ceará, o cenário reflete a necessidade de mais profissionais. De acordo com o Conselho Federal de Medicina, há cerca de 1,8 médicos para cada mil habitantes no estado, número inferior à média nacional de 2,8. Essa disparidade é ainda mais acentuada em áreas interioranas, onde o acesso a especialistas é limitado. A ampliação de cursos em universidades locais poderia contribuir diretamente para a formação de profissionais qualificados e com interesse em atuar nessas regiões carentes.
Ampliar cursos em áreas prioritárias, como pediatria e medicina de família, pode ajudar a suprir a falta de especialistas em regiões vulneráveis. Programas de residência e estágios em áreas remotas são essenciais para incentivar a fixação desses profissionais, reduzindo a necessidade de deslocamento dos pacientes. A ampliação de cursos promove uma distribuição mais justa de serviços de saúde, garantindo que mais cidadãos tenham acesso a cuidados de qualidade. Além disso, fortalece as instituições de saúde nas regiões carentes, gerando mais empregos e impulsionando o desenvolvimento econômico local.
Portanto, investir na formação de novos profissionais de saúde é essencial para reduzir as desigualdades no acesso aos serviços, promovendo um sistema mais justo e eficiente.