Ahimsa

A violência física, moral, intelectual, cultural, ética, em todos os seus aspectos, tem se constituído no principal problema da humanidade. “Ahimsa” é um termo sânscrito, língua clássica da Índia, onde se busca a verdade (“Satyagraha”) mediante a não violência. O principal ensinamento de Mahatma Gandhi baseia-se num ativismo pacífico. Não confundir com passividade. A “Marcha do Sal”, por exemplo, liderada por Gandhi, manifestação em defesa da independência da Índia, foi um movimento de desobediência civil baseado nos princípios da “ahimsa” (não violência).

Para Gandhi e seus seguidores, o uso da violência poderia conduzir a uma pseudoverdade. Dessa forma, a filosofia gandhiana, além de rejeitar a violência, evidencia respeito total à vida. Gandhi lutou para combater o mal com o bem, chegando a amar aqueles que o odiavam. Por sua vez, lamentavelmente, muitas vezes, as sociedades organizadas não abrem mão dos seus direitos, motivando o egoísmo e, em consequência, gerando a violência. Alguns estudiosos admitem que o contrário do direito é a justiça. Cícero, jurista e filósofo, salientou: “Summum jus- summa injuria” (o supremo direito é a suprema injustiça).

Aquele que reclama todos os seus direitos pessoais pode ser considerado um egoísta, um violento; porém aquele que busca a justiça atua em nome do amor, da solidariedade, da não ambição e, consequentemente, de Deus. Aliás, toda religião necessita de pioneiros e de pessoas que sintetizem a fé, unindo princípios e consolidando uma doutrina coerente. Procuremos ter o Sermão da Montanha como ponto fundamental da harmonia espiritual, pois dá ênfase ao primeiro mandamento (o amor a Deus), mediante a religiosidade, e ao segundo (o amor ao próximo), através da ética.

Conforme Gandhi, “Se se perdessem todos os livros sacros da humanidade, e só se salvasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido”. Vide o Evangelho de São Mateus, capítulos 5-6-7, do Novo Testamento. Sendo o direito de natureza violenta e a justiça de caráter não violento, será que somos levados a pensar e debater um novo modelo político? Ao invés do Estado Democrático de Direito, o Estado Democrático de Justiça. Por fim, meditemos sobre João 14:6, “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”.

Gonzaga Mota é professor aposentado da UFC