A força do amor prevalece

No fim de junho celebrou-se o dia do orgulho gay. A data lembra a luta LGBTQIA+ por direitos iguais e reconhecimento como indivíduos na sociedade no fim dos anos 1960, nos Estados Unidos. Cinquenta anos se passaram e a luta pela igualdade, apesar das transformações, ainda tem uma longa caminhada pela frente. Para nós, profissionais da medicina reprodutiva, uma das mais significativas conquistas para a comunidade está no direito à realização do sonho de muitos casais homoafetivos: a constituição de uma família, com direitos garantidos perante a sociedade civil.

Este sonho só foi possível pela definição do Conselho Federal de Medicina que, em 2011, reconheceu e regulamentou medidas de orientação aos profissionais de medicina para tratamento de casais homoafetivos que desejavam ter filhos.

Segundo o último censo do IBGE, o Brasil tem cerca de 60 mil casais do mesmo sexo. Pelas determinações do Conselho, os tratamentos devem seguir alguns cuidados que norteiam a atuação da medicina reprodutiva nestes casos. Para casais homoafetivos de mulheres, a doação do sêmen precisa ser anônima, ou seja, não é permitido a escolha do doador e este não pode ter nenhum grau de parentesco ou ligação com as mulheres.

Já para o casal masculino a limitação é a barriga solidária, ou seja, a mulher que irá ajudar na gestação do bebê. Esta deve ter parentesco de até quarto grau com um dos dois homens do casal.

Discussões éticas à parte, o que sentimos hoje em nosso dia a dia, é que há muito mais abertura, muito mais aceitação, não só por parte da sociedade, mas também por parte dos próprios indivíduos envolvidos.

Nos orgulha vermos os casais buscarem o tratamento com brilho nos olhos, falarem de suas expectativas, de seus sonhos tão abertamente. Mas nos enche ainda mais o coração quando vemos que a força do amor prevalece mesmo em tempos tão difíceis.

Daniel Diógenes

Médico especialista em medicina reprodutiva