70 anos de Extensão Rural

Em 16 de fevereiro de 1954 foi instalado, no Ceará, um escritório da Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural (Ancar – Ceará), transformada em Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), em 6 de julho de 1976, por meio da aprovação da Lei 10.029, pela Assembleia Legislativa do Ceará.

Nesses setenta anos, a Ematerce foi essencial para dar uma nova feição a agropecuária cearense, mediante orientações técnicas prestadas aos pequenos e médios produtores e, por consequência, à sociedade cearense. Inicialmente, elaborando projetos de crédito e prestando assessoria técnica para produção e infraestruturas dentro das propriedades. O propósito dos extensionistas era “ensinar” os proprietários conforme os ditames da modernidade, mediante a prescrição de tecnologias, sementes e insumos. A transferência dos conhecimentos repassados se dava mediante visita às propriedades, reuniões técnicas, cursos e excursões, essenciais para bons resultados econômicos, sociais e ambientais. Sucessores desses beneficiários, originais, evoluíram para o âmbito da agroindústria e da comercialização.

No século XXI, a Ematerce passa a priorizar os agricultores familiares, notadamente, suas organizações, promovendo mudanças culturais. Acompanhamento público e gratuito, na medida em que o extensionismo é um instrumento de desenvolvimento sócioeconômico. Muitos grupos de produtores rurais foram formados no estado do Ceará ao longo dos anos, mas poucos sobreviveram à transição para uma economia moderna. Uma das tarefas mais difíceis no campo é a manutenção das organizações rurais ativas. A organização política sob a modalidade associativista visa não só à constituição da representação política, mas também, como parte deste próprio processo, dotar os agricultores de condições concorrenciais para fazer circular no mercado pequenas quantidades de produtos agrícolas.

Atualmente, menos de um quinto dos estabelecimentos rurais do Ceará recebe assistência técnica; todavia, é o extensionista que transfere, aos agricultores, os saberes produzidos nos órgãos de pesquisa e nas universidades. São esses profissionais que transformam a linguagem científica em conhecimento prático. Fortalecer o extensionismo é possibilitar a maior presença de técnicos junto aos produtores e, com isso, identificar problemas, recomendar tecnologias e colher mais produtividade e qualidade, tanto nos alimentos quanto na vida das famílias rurais.

Nizomar Falcão Bezerra é engenheiro agrônomo