Consumo do mercado livre de energia cai 10% no Ceará em maio

Recuo reflete queda da atividade industrial no período de isolamento social para conter avanço da pandemia. Redução do consumo no Estado ainda foi bem menor que a média nacional, cuja retração foi de 18% no mesmo período

Escrito por Bruno Cabral , bruno.cabral@svm.com.br
Legenda: Mercado livre abastece principalmente indústrias de alimentos, de metalurgia e de minerais não metálicos no Ceará

Reflexo da retração da atividade industrial, o consumo do mercado livre de energia (voltado para grandes consumidores) no Ceará caiu 10% em maio ante igual mês de 2019. O segmento, no qual o consumidor negocia o preço diretamente com o produtor, responde por 15% do consumo do Estado e abastece principalmente a indústria de alimentos, de metalurgia e de minerais não metálicos, segundo a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).

Apesar da queda, a retração no Ceará foi menor do que a registrada na média do País, onde o consumo caiu cerca de 18% durante os meses de abril e maio, meses da quarentena. "O consumo no mercado livre, por ter como clientes as grandes indústrias, caiu, enquanto o mercado regulado, que compreende os consumidores residenciais, aumentou. E o Ceará tem uma estrutura de consumo com uma participação do residencial maior do que a de outros estados", explica Reginaldo Medeiros, presidente Abraceel.

Contratos

Como os contratos do mercado livre são negociados separadamente por cada consumidor, Medeiros diz que, por conta das medidas de isolamento social aplicadas para conter o avanço do novo coronavírus, muitos contratos estão sendo revistos, reduzindo o preço da energia.

"Com a Covid-19, houve um processo muito grande de renegociação de contratos, o que deve refletir em prejuízos para o setor. E a nossa estimativa é que o consumo de energia deverá demorar a voltar aos níveis de antes da pandemia, principalmente o do mercado livre, que depende muito da atividade econômica".

A Abraceel estima que as perdas com as revisões contratuais devam chegar a R$ 5 bilhões no comércio livre de energia nacional. Para os representantes desse setor, que é responsável por 30% da energia consumida no País, a criação da chamada conta Covid não é suficiente para amenizar os danos causados pela queda da demanda e o aumento da inadimplência que as empresas comercializadoras estão sofrendo.

"Nós tivemos uma redução muito grande de consumo entre os grandes consumidores, mas o mercado livre continua competitivo, se comparado ao regulado", diz Medeiros.

Como o mercado livre está restrito àqueles que têm consumo mensal acima de 500 KW, o que representa uma conta de cerca de R$ 100 mil, o presidente da Abraceel defende que os consumidores abaixo dessa faixa de consumo também possam participar deste mercado.

"A gente vê uma conjuntura favorável, porque há sobra de energia por conta dessa queda do consumo. Seria muito atrativo para esses consumidores migrarem para o mercado livre, principalmente os do setor produtivo, que precisam mais do que nunca de competitividade", pondera.

 

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