Os benefícios fiscais oferecidos pela Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará atraíram mais um investidor: a Prisma Solar do Brasil. A indústria de painéis fotovoltaicos de capital holandês deve investir inicialmente R$ 150 milhões, os quais devem ser acrescidos de mais recursos e chegar até R$ 500 milhões, caso a economia brasileira e a demanda aumentem nos próximos anos.
Já com o protocolo de intenções assinado com o governo do Estado, o CEO da empresa, Jens Raffelsieper, deve ir até o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), onde a ZPE está instalada, no próximo dia 20 para escolher a área na qual a unidade vai ser construída.
"Foi muito interessante a proposta do Ceará, com a ZPE, direcionado ao mercado de exportação, mas dando oportunidade de atender o mercado brasileiro. Demonstra oportunidades no setor de energia solar, vantagens logísticas para atender a América do Sul, Estados Unidos e Europa. Então, acho que hoje existe uma grande vantagem estratégica para atender mercado mundial e local também daqui, do Ceará", afirma Raffelsieper, sobre a escolha do Estado para o investimento da empresa.
De acordo com ele, as linhas de financiamento específicas para produção industrial pelo Banco do Nordeste do Brasil e também pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tornaram o investimento no Estado mais seguro pela Prisma.
Captação e porte
A diretora de Atração de Investimentos da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Beatriz Bezerra, conta que a iniciativa de procurar o governo foi da Prisma. "Eles estiveram na secretaria, demonstraram interesse e a SDE foi a porta de entrada do investidor e fez toda a conexão. Uma vez que ela possa internalizar o faturamento no Brasil, a gente vai estar estimulando negócios, energia sustentável", afirmou.
A indústria da Prisma na ZPE do Ceará terá capacidade de montar aproximadamente 450 mil unidades de placas solares por ano, o que corresponde a uma capacidade de geração de 150 megawatts por ano. No entanto, os equipamentos utilizados devem vir de fora do Brasil neste primeiro momento.
"Mas se a nossa carteira de negócios fora for próspera, certamente dará para fazer células de geração aqui no Brasil. Com certeza não será por falta dos nossos investidores", assegurou ao contar que outras empresas do grupo Prisma produzem os componentes necessários para a placa e que poderiam investir em unidades aqui, a depender da demanda observada.
Mercados promissores
O CEO afirma que, a partir da instalação da unidade na ZPE do Ceará, a empresa pretende atender a demanda de Estados Unidos e Europa, ocupando uma lacuna deixada pelos produtos chineses afetados por regras protecionistas destes dois mercados.
Raffelsieper revela que está de olho na abertura da Argentina para a geração solar, o que deve beneficiar a Prisma devido aos acordos bilaterais fechados com o Brasil via Mercosul. Além disso, na América do Sul, ele vê oportunidades mais sólidas no Chile e, na América Central, mira no México como outro alvo da produção da empresa.
"Hoje, a Prisma, já trabalha com projetos de grande porte e a unidade no Brasil vai nos dar tranquilidade para desenvolver mais capacidade produtiva para atender pedidos da Polônia, Albânia e até do Sudão, onde entramos agora", afirma, citando locais onde já há contratos de fornecimento assinados pelo grupo da Prisma Solar do Brasil.