Prestes a entrar em atividade no Ceará, no município de Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), a fabricante de turbinas eólicas (aerogeradores) dinamarquesa Vestas já está incentivando a vinda de outras empresas do setor para o Estado. De acordo com o presidente da Vestas no Brasil, Rogério Zampronha, outras três companhias da Dinamarca analisam a possibilidade de se instalarem no Ceará, além de interessados nacionais.
O presidente, entretanto, prefere não revelar os nomes das empresas, uma vez que elas ainda não firmaram os protocolos de intenção, documentos que formalizam o interesse de instalação. Ele diz que se tratam de fabricantes de componentes necessários para as turbinas produzidas pela Vestas.
"O nosso desejo é que mais e mais empresas da nossa cadeia de suprimentos se instalem. Nós estamos incentivando fornecedores brasileiros ou estrangeiros e, em alguns casos, identificando a disponibilidade de capital para suportar esses investimentos", diz Zampronha. Para as empresas do exterior, estão sendo buscados fundos de financiamento escandinavos. "Nós fazemos o 'link' entre os fundos e os investidores", explica.
Além do interesse em ter seus fornecedores mais próximos, a Vestas também realiza a atração de empresas do setor eólico como parte do cumprimento do percentual mínimo de 60% de nacionalização dos componentes das turbinas que produz. Isso é exigido para que as fabricantes desse segmento obtenham o código Finame II, certificado já conseguido pela fabricante dinamarquesa, e é um pré-requisito para o acesso às linhas especiais de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Mão de obra
De acordo com o presidente da Vestas no Brasil, a fábrica em Aquiraz irá gerar mais de 500 empregos diretos e indiretos. Para essa quantidade, são considerados os postos criados na própria fábrica dinamarquesa e na Aeris Energy (empresa localizada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém - Cipp), que atuará como fornecedora de pás eólicas para a Vestas. "Mais de 90% (dos contratados) são pessoas que vivem no Ceará, não necessariamente cearenses. Os de fora são pessoas que detém conhecimentos sobre o processo de fabricação e gestão na área", ressalta Rogério Zampronha.
376 MW contratados
A fábrica da Vestas, em Aquiraz, será inaugurada na próxima segunda-feira (18) e é a primeira da multinacional no Brasil. O empreendimento irá atender a uma demanda já contratada de 376 megawatts (MW), referentes a projetos da Bahia e do Rio Grande do Norte. "Esperamos que tenha projetos também no Ceará, após o próximo leilão, o A-5 (marcado para o fim deste mês)", salienta.
O Diário do Nordeste já havia adiantado com exclusividade em agosto de 2015 que a companhia instalaria o empreendimento em território cearense, investindo R$ 100 milhões. A Vestas já fabricou 53 mil turbinas (20% do total global) em 70 países.
A decisão por fazer o aporte em território cearense, de acordo com Zampronha, foi influenciada por fatores como o auxílio do Governo do Estado, que apresentou à empresa novos investidores e fornecedores, além de ter auxiliado na contratação da mão de obra; a localização do Estado, que está próximo de grandes centros geradores, como Maranhão, Piauí, Bahia e Rio Grande do Norte; e as condições de infraestrutura logística, sobretudo a existência dos portos do Mucuripe e do Pecém.
Atlas eólico
Além de instalar o empreendimento no Ceará, a dinamarquesa também já deu sinal positivo de que pretende auxiliar o Estado no desenvolvimento do novo atlas eólico do Ceará - estudo que mapeia o perfil de vento (intensidade, previsibilidade e altitude) de cada região e permite estimar o potencial de geração de energia e os equipamentos mais adequados.
Na avaliação do presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Energias Renováveis, Jurandir Picanço, a chegada Vestas irá impulsionar o desenvolvimento de todo o segmento, pois mais empresas irão enxergar oportunidades de investimento em território cearense. Ao se instalar no Ceará, a Vestas também fecha a existência do ciclo dos principais componentes produtivos do setor eólico cearense, tendo em vista que já existem fabricantes de pás e torres eólicas no Estado.
"Os nossos ventos são os mesmos o tempo todo, mas só recentemente eles passaram a ter o valor. O resultado desse bem não é simplesmente a produção da energia, mas sim a possibilidade de desenvolvimento da cadeia produtiva, trazendo oportunidades de empregos qualificados e mais renda", avalia.
O que eles pensam
Credibilidade para futuros investidores
"Ter a Indústria Vestas instalada no Ceará é motivo de orgulho. É a maior fabricante de aerogeradores do mundo. O setor de energias é uma prioridade do governo Camilo, estamos trabalhando no sentido de sermos atrativos e termos competitividade, olhando todo o encadeamento produtivo. Instalamos a Vestas em um prazo de seis meses, isso é resultado desse trabalho".
Nicole Barbosa
Secretária de Desenvolvimento
Econômico do Ceará
"Para nós, é de suma importância ter a Vestas como parte da nossa cadeia produtiva. Ela vai gerar empregos não só para a própria empresa, como também para aquelas que forem atraídas para o seu redor. Ela ainda contribuirá com impostos, know how e dará credibilidade a futuros investidores, que estão visualizando o Estado diante da nova ótica de governo implementada".
Renato Rolim
Secretário adjunto de Energia, Mineração e Telecomunicações
"Ficamos extremamente felizes com a instalação da empresa, ainda mais com toda sua produção vendida em 2016. Mostra que a energia eólica é uma das grandes vocações do nosso estado. Sabendo disso, o governo desenvolveu um plano estadual voltado para as energias renováveis que, em um momento oportuno, será apresentado. Não tenho dúvidas de que cada vez mais recebamos investidores nessa área".
Ferruccio Feitosa
Presidente da Adece